domingo, 13 de setembro de 2015

Duas gerações da Natação e um sonho

Nicholas Santos é uma das referências de Matheus Santana, promessa da modalidade. Os dois querem brilhar em 2016

HUGO PERRUSO
Rio - A experiência se une à juventude na equipe brasileira de natação. Aos 35 anos, Nicholas Santos e a promessa de 19, Matheus Santana, são esperança de medalha para a Olimpíada de 2016 e a afinidade é grande, apesar da diferença na idade. Mas, antes dos Jogos, os dois amigos estarão juntos mais uma vez neste domingo no desafio Raia Rápida, no Mourisco Mar, em Botafogo, às 10h.
Medalhista de prata no Mundial de Kazan este ano, Nicholas tenta ser uma das referências para os mais novos e tem em Matheus um dos principais ouvintes. Afinal, quando viajam para alguma competição, costumam dividir o quarto, o que aumentou a amizade que vem desde 2012.
Nicholas Santos conquistou sua primeira medalha em um Mundial de piscina longa
Foto: Satiro Sodré/Divulgação Desafio Piraquê Raia Rápida
“Tento passar toda experiência que já tive. Essa tensão que é competir, nadar uma seletiva olímpica ou um Mundial. A ideia é ajudá-lo ao máximo e passar tranquilidade. Quando eu tinha a idade dele, me espelhava no Gustavo (Borges) e no Fernando (Scherer), mas não tive o contato que tenho hoje com a nova geração. É importante e sentia falta disso”, conta Nicholas.
“Trocamos ideias. O Nicholas já me passou bastante coisa. Existem poucos atletas como ele. Passa experiência aos mais novos e tenta aprender ainda. É um cara sábio, que pode lidar com qualquer tipo de situação. É um espelho para todo atleta que começa”, elogia Matheus, que vê nas dicas do mais experiente uma chance de crescer ainda mais na natação. “Outro dia ele me falou que minha braçada estava errada e pediu para azeitar. Eu não tinha percebido. Ele está sempre ligado em tudo. Amigo e companheiro de time que todo atleta gostaria de ter.”
Entre a admiração mútua, um desejo em comum: a medalha na Olimpíada do Rio. Nicholas vai priorizar os 100m borboleta e tentará o revezamento 4x100m medley: “Tenho que pensar passo a passo. Sou bem racional na resposta. Primeiro, o objetivo é classificar na seletiva olímpica e, a partir daí, buscar a medalha.”
Matheus Santana foi ouro no Pan de Toronto com o revezamento 4x100m brasileiro
Foto: Satiro Sodré/Divulgação Desafio Piraquê Raia Rápida
Se é cauteloso para falar de suas chances, Nicholas aposta alto em Matheus, não apenas para 2016, mas para os próximos anos: “É o futuro da natação, um talento. Tem que trabalhar ano a ano, buscar bons resultados porque o pessoal vem atropelando e não pode vacilar. Ele vai ser um grande nadador, com chances em 2016.”
O desafio Raia Rápida de natação terá a participação, além do Brasil, de África do Sul, Itália e Estados Unidos. Cada um dos quatro nadadores das equipes disputará uma das quatro provas em 50m e o revezamento 4x50m medley.
FLAMENGUISTA, MATHEUS SUPERA DIABETES E SONHA ALTO
Peça importante do revezamento 4x100m do Brasil, Matheus Santana é figurinha quase certa em 2016. Ele também tem chances de disputar os 100m rasos e, apesar dos 19 anos, não quer chegar ao Rio só para ganhar experiência.
"Dá para sonhar bem alto, não só para 2016. Quero ser campeão olímpico. Eu penso em medalha no Rio, não vai ser fácil, mas tenho condições de brigar. Se conseguir sair com duas, será incrível, não impossível", avisa.
Visto como o futuro da natação brasileira, Matheus tem que conviver com a diabetes no seu dia a dia, mas garante que não tem sido atrapalhado pela doença: "Não tem sido ruim, o único cuidado a mais que outro nadador é tomar insulina. Com o tratamento, está tudo controlado, não é dor de cabeça", diz o carioca, torcedor do Flamengo. "Já fui mais fanático, mas agora está difícil com as viagens. Rumo à Libertadores. Título não sei... Se deixar chegar... (risos)."
MEDALHISTA MAIS VELHO, NICHOLAS FICA DE OLHO EM 2016
A medalha de prata no Mundial de Kazan, na Rússia, foi histórica para Nicholas Santos. O brasileiro, além de conquistar a sua primeira em piscina longa, tornou-se o atleta mais velho a subir no pódio da competição. Feito que dá confiança e mostra que pode brigar por medalha no Rio em 2016.
"Nem sabia desse feito, só soube depois. Fiquei satisfeito, mas o resultado era o que mais importava. Fui para disputar medalha. O próximo passo é treinar para a Olimpíada, vou investir nos 100m borboleta", afirma o nadador.

Aos 35 anos, Nicholas não tem segredo para se manter competindo em alto nível. Ele percebeu que precisaria mudar sua rotina e passou a se cuidar mais: "Minha alimentação é muito melhor, a preparação física evoluiu. Claro que a recuperação piora, porque chega quinta e sexta estou bem desgastado. Por isso, tenho que me poupar para dar condição ao corpo de tolerar o treinamento do dia a dia."

    Nenhum comentário: