quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

No duelo de chefões, Anísio levou a melhor

De estilo discreto e apostando na organização, o patrono da Beija-Flor ganhou mais um campeonato

O DIA
Rio - Nem a nova marca da rica liberdade artística da Mocidade Independente, nem a Portela sob as bênçãos dos políticos. Valeu o escrito na velha tradição do Carnaval carioca. O patrono da Beija-Flor, Aniz Abraão David, o Anísio, não desfilou em vão na Marquês de Sapucaí em sua cadeira de rodas. Triunfou diante dos novos "donos" do Sambódromo: o colega de contravenção, Rogério Andrade,  e o popular vice-presidente da Portela, o PM Marcos Falcon.
O bicheiro deu um nó tático na concorrência. Ao seu estilo, a escola de Nilópolis apresentou um desfile de olho no regulamento, com belas fantasias, carros bem acabados, samba no pé e, principalmente, recheado de organização.
Anísio vibrou desfilando à frente da Beija-Flor em cadeira de rodas elétrica devido a cirurgia nos joelhos
Foto:  Maira Coelho / Divulgação
Vale lembrar que ao chegar para o desfile na Sapucaí, na noite de segunda-feira, Anísio, mesmo numa cadeira de rodas motorizada, fez questão de percorrer toda a escola na armação e falar com cada um dos responsáveis pelas alas e carros alegóricos. Era o olho do chefe contra a desatenção e, por tabela, contra a perda de pontos preciosos. Depois, conversou com as personalidades e tirou fotos com os destaques. Tudo na diplomacia e com a intenção de cativar o sambista. 
Seu único receio estava no enredo, por conta do patrocínio milionário dado à escola pelo ditador da Guiné Equatorial. Mas foi logo amansando o tom das críticas: “Teve escola que recebeu da Venezuela (Vila Isabel) e ninguém falou nada. Não faço política, faço Carnaval”, repetia Anísio.
Foi esse o seu antídoto para neutralizar os ataques da concorrência. No final, conseguiu: saiu sem qualquer arranhão no quesito e ainda mostrou aos adversários que conhece muito bem os bastidores do Carnaval. Diante dos temores de fraude no júri, saiu rápido pela tangente: “É história para boi dormir, os jurados são todos idôneos”.
Esteve sempre estrategicamente cercado pelos mais pobres da escola. Nada de segurança ostensivo, como os exibidos por Rogério Andrade na noite anterior em plena pista de desfiles. Ficava ali a lição para quem quiser aprender: a velha guarda da contravenção mostrou quem realmente manda no asfalto da Avenida Sapucaí.
Projeto de Rogério Andrade terá que evoluir em 2016
O ambicioso projeto do bicheiro Rogério Andrade de colocar a Mocidade Independente de Padre Miguel no topo ainda precisa evoluir na Avenida. Sob a batuta do carnavalesco Paulo Barros — que tem no currículo três campeonatos — a escola amargou o sétimo lugar e pelo 12º ano consecutivo não volta para o desfile das Campeãs no sábado.

No quesito fantasia, onde a mão do carnavalesco é fundamental, Paulo Barros só conquistou uma nota dez. A comissão de frente, marca do sucesso de Barros na Unidos da Tijuca, também não conquistou nenhum 10 dos jurados. “É lamentável. Agora, vamos consertar os nossos erros. Mas fizemos um grande desfile”, afirmou o patrono Rogério de Andrade, que acompanhou a leitura das notas na Sapucaí entre um cigarro e outro para controlar os nervos.
Durante a apuração, a baixa pontuação de mestre-sala e porta-bandeira deixou do contraventor bastante irritado. “É f...”, esbravejou o capo. Já Barros não apareceu para a acompanhar de perto a apuração na Sapucaí.
Cláudia Leitte será mantida
A polêmica rainha de bateria Cláudia Leitte vai continuar na Verde e Branca. Foi o que garantiu o bicheiro Rogério Andrade. De primeira, ele respondeu que achava que sim, com um sorriso de canto de boca. Mas depois foi enfático: “Ela fica com certeza. Caiu no gosto da comunidade”. Cláudia chamou a atenção na Avenida,principalmente, por usar protetor de ouvido. </CW>
Outro impasse foi o fato do casal de mestre-sala e porta-bandeira ter desfilado logo após a comissão de frente, decisão de Paulo Barros. “Talvez, eles (os jurados) tenham se confundido e não conseguido diferenciar uma coisa da outra. Mas estou com a minha consciência tranquila. É o preço de correr risco”, analisou. Aos prantos, o mestre-sala Diogo Jesus defendeu o trabalho executado. “Os jurados não aceitaram. Vamos em frente”, concluiu.
Barros, ex-Unidos da Tijuca, chamou atenção pelo bate-boca público com Fernando Horta, presidente da Tijuca. "Paulo Barros é uma besta. O que ele fala não se escreve. Só disse que não gostei do Carnaval dele deste ano. Mas nunca disse que ele não é um grande artista. Ele é. Senão, não teria trazido para a Tijuca.”
A troca de farpas começou quando Horta criticou a a Mocidade. Em resposta no Facebook, Barros disse que ele deveria ter ido ao banheiro na hora do desfile. Criticou os ex-coreógrafos da comissão de frente, Priscilla Mota e Rodrigo Negri, hoje na Grande Rio.



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