terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Comendador reina na Sapucaí

Alexandre Nero desfila pelo Salgueiro, ao lado de Lilia Cabral e Leandra Leal, e causa frisson

VANIA CUNHA
Rio - Alexandre Nero, que interpreta José Alfredo, o Comendador, em ‘Império’, ganhou nota 10 em sua passagem pela Avenida, no domingo, ao desfilar pelo Salgueiro, ao lado de Lilia Cabral e Leandra Leal, suas companheiras na novela. Ele conseguiu arrancar da Sapucaí a euforia de milhares de máquinas fotográficas e celulares, disputando flash a flash seus movimentos. Nero levou a mulherada a uma histeria sem fim. “Deixa eu subir aí nesse carro. Me leva com você, Comendador!”, pedia a professora Andressa Lopes, 24 anos. “Sou apaixonada por ele”, repetia, entre lágrimas, de uma das frisas.
Alexandre Nero deixou mulheres em polvorosa
Foto:  André Luiz Mello/ Agência O Dia
“Eu ia tirar o Carnaval para descansar. A Vivi (Viviane Araújo) me chamou para desfilar no Salgueiro e eu falei que não iria, porque o trabalho é intenso demais, é insano decorar tanto texto, são muitas horas gravando. Só que a Leandra (Leal) é uma desgraçada, botou pilha no elenco inteiro e disse que era para eu vir em um carro alegórico junto com ela e a Lilia Cabral”, contou Nero.
“Falei que, se a Lilia desfilasse, eu desfilava também. Eu só vim por causa da Lilia. A Maria Marta manda em mim. Mulheres sempre mandam na gente. Alguém tem alguma dúvida disso?”, emendou o ator, que negou, ao fim do desfile, ter caído do carro alegórico, que representava a cobiça pelas pedras preciosas de Minas Gerais (o enredo cantou os sabores e saberes de lá), antes da apresentação. “Estava brincando”, comentou, sem explicar as manchas parecidas com sangue em sua roupa. 
E o sucesso de Alexandre Nero foi além da Sapucaí. As máscaras do Comendador José Alfredo, de ‘Império’, ganharam as ruas do país e viraram fantasia até do intérprete do personagem. O ator chegou ao Camarote da Devassa, na Avenida, com a máscara de seu próprio rosto, e, ainda assim, tentou fugir do título de ser o homem mais badalado do momento. “Claro que tem gente mais bombada do que eu. Pelo menos de dinheiro, tem muita gente. Mas nunca imaginei virar máscara de Carnaval. Virei um mascarado de verdade. Aliás, sempre fui mascarado”, brincou. 
Tentando superar a segunda colocação em 2014, amargada pelo único décimo de diferença para a campeã Unidos da Tijuca, a presidente do Salgueiro, Regina Celi, pisou na Avenida vestida, da cabeça aos pés, com a cor da escola tijucana, vermelho vivo, e decretou: “O Salgueiro está impecável.” Mas pecou justamente no ‘quesito’ emoção: o desfile tecnicamente bom do Salgueiro não conseguiu do público a vibração que poderia colocá-la novamente nas cabeças do ranking. Nem o típico doce de leite mineiro, distribuído em barras antes da apresentação, adoçou o coração da plateia. 
Em gravação de ‘Império’ na Sapucaí, ao lado de Marina Ruy Barbosa
Foto:  Ernesto Carriço / Agência O Dia
Depois do furacão Nero, a Bateria Furiosa do Salgueiro deu show de técnica e descontração, ao levar integrantes do grupo de pagode Pique Novo para ‘tocar’ panelas, leiteiras e frigideiras. Os ‘instrumentos’ misturaram o som metálico ouvido nas cozinhas mineiras com surdos, repiques e tamborins. A rainha Viviane Araújo sambou, tocou seu tamborim e incendiou o público, encarnando a própria ‘chama acesa’, tema de sua fantasia. 
Um dos momentos mais marcantes foi protagonizado pela comissão de frente de Hélio Bejani, com um belo balé de índios, representando os primeiros habitantes das terras mineiras. Uma das integrantes se transformava em Nossa Senhora, uma referência feita no samba, com um manto high tech formado por milhares de luzes de led. 
O abre-alas contou com dezenas de mulheres encarnando índias seminuas e, numa outra alegoria, homens com corpos esculturais pintados de dourado, representando escravos trabalhando nas minas de ouro. Nas demais alas e carros, muitas fantasias com palha, apetrechos culinários, doces e toalhas xadrezes, que remetiam às delícias da mesa mineira. Amanhã, o público vai saber se foi doce ou amargo o sabor do desfile do Salgueiro.
Colaborou Regiane Jesus

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