quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Beija-Flor deve apostar novamente em enredo com raízes africanas em 2016

A rainha de bateria Raíssa Oliveira, disse que a vitória teve um gosto especial. Ela e a passista Elaine Lima escolheram o tema

CAIO BARBOSA , CONSTANÇA REZENDE E MARIA LUISA BARROS
Rio - A Beija-flor deverá apostar novamente em um enredo de raízes africanas em 2016. A ideia, segundo Neguinho da Beija-Flor, é repetir a receita de sucesso. O intérprete justificou a escolha do tema. “O enredo que tirou dez é o que valorizou o negro”, disse. O diretor de Carnaval Laíla comentou a polêmica, financiada pelo ditador da Guiné Teodoro Obiang Nguema Mbasogo.“Fizemos o melhor. Fomos criticados, até mesmo pelos componentes da escola, mas deu certo”, disse.
Neguinho defendeu o governo africano. “O país está crescendo com o petróleo”, alegou.O presidente Farid Abrahão David acrescentou que patrocínios são muito bem-vindos. “Venha de onde vier, a Beija-Flor sempre vai olhar com carinho”, disse.
Desfile da escola de samba de Nilópolis teve alegorias muito bem acabadas e fantasias criativas, ao lado da organização impecável que é a marca tradicional da Beija-Flor
Foto:  Efe / Eduardo Pérez
A rainha de bateria Raíssa Oliveira, disse que a vitória teve um gosto especial. Pois ela e a passista Elaine Lima escolheram o tema. “Levamos a ideia para a escola e eles gostaram. Mas de política eu não entendo, só de Carnaval”, disse. A ideia surgiu em 2013 numa viagem da escola a Guiné para acompanhar um concurso de miss.
O presidente de honra da escola, Anísio Abraão David, comemorou o título junto com 14 mil pessoas na quadra, em Nilópolis. Vinte mil latas de cerveja foram liberadas para a festa.
Aos gritos de ‘a campeã voltou’, apesar das críticas ao enredo polêmico patrocinado por um ditador, a Beija-Flor conquistou com a força dos tambores africanos o 13º título da sua história no Carnaval do Rio de Janeiro, com uma diferença de apenas quatro décimos para a segunda colocada, o Salgueiro. A Azul e Branca de Nilópolis perdeu só um décimo nos 270 pontos válidos. A agremiação da Tijuca ficou com 269,5 pontos.
A maior campeã do Sambódromo
Na raça, no sangue e na cor, a vitória dos guerreiros Beija-Flor consagrou a Azul e Branca da Baixada Fluminense como a maior campeã da era Sambódromo. Em número de títulos, só perde para a Portela e Mangueira. A Estácio de Sá voltará ao Grupo Especial em 2015. Beija-Flor, Salgueiro e outras quatro escolas — Grande Rio, Unidos da Tijuca, Portela e Imperatriz Leopoldinense — retornam no sábado para o desfile das Campeãs. A Unidos do Viradouro caiu para a Série A.
Cria da Beija-Flor, Raíssa Oliveira arrasou mais um ano a frente da bateria
Foto:  André Mourão / Agência O Dia
Com a disputa apertada até o último quesito, evolução, a Beija-Flor teve seu momento de redenção, saindo do sétimo lugar no ano passado, que a tirou do desfile das Campeãs, para o topo do samba carioca. “Estava engasgado. Superamos e estou com sentimento de dever cumprido. A nossa comunidade merecia”, desabafou Neguinho da Beija-Flor.
EMOÇÃO E CHORO
O diretor de Carnaval da escola, Laíla, também não se conteve e caiu no choro após a confirmação do título. “Só quem viveu este ano o barracão sabe o que passamos. Apanhamos demais, injustamente. Este ano, modéstia à parte e com todos os respeitos às demais, seria covardia tirar da gente”, disse Laíla. Cantando as belezas da África, tema que já lhe rendeu quatro títulos, a Azul e Branca não se deixou abater pela polêmica sobre o enredo patrocinado pelo ditador da Guiné Equatorial e fez um desfile impecável. A escola teria recebido R$ 10 milhões para exaltar o país africano rico em petróleo e denunciado pela ONU por violações aos Direitos Humanos.
Um dos pontos altos foi o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Claudinho e Selminha Sorriso, que garantiu nota máxima: quatro 10. “Pretendo ficar, no mínimo, mais 10 anos”, prometeu Selminha, feliz.

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Fotos: AYRTON360, Andréa Simões e Eduardo Frick
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    Tags: Beija-Flor , negritude , África

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