segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Unidos da Tijuca fecha patrocínio com governo suíço para o desfile de 2015

Unidos da Tijuca fecha patrocínio com governo suíço para o desfile de 2015

Atual campeã, escola pode fazer um desfile de até R$ 14 milhões na Sapucaí

ANGÉLICA FERNANDES
Rio - Por trás daquela escola de samba adorada pela comunidade tijucana, está uma grande empresa. Há três carnavais, a Unidos da Tijuca, atual campeã do Grupo Especial, investe em um modelo de negócios ousado, que traz grandes parceiros para custear os desfiles. Para 2015, a agremiação contará com apoio do governo da Suíça, país que será tema da escola. Com os patrocínios, será possível fazer um desfile de até R$ 14 milhões na Sapucaí.
Muito antes do Carnaval de 2015 começar a sair do papel, uma dupla de marqueteiros da Unidos da Tijuca já arregaçava as mangas para conquistar empresários. Bruno Tenório e Fabiana Amorim fecharam a parceria com o governo suíço em novembro do ano passado, através do embaixador da Suíça no Brasil, André Regli. “Unimos o útil ao agradável. Eles queriam uma oportunidade de aproximar o país dos brasileiros e nós estávamos em busca de apoio”, revelou Bruno.
Os cinco integrantes do Departamento de Carnaval da escola viajaram para a Suíça no meio deste ano
Foto:  Paulo Araújo / Agência O Dia
Desde a Copa do Mundo, o país europeu desenvolve uma campanha no Rio, chamada ‘Swissando’. “Fizemos um grande evento na Lagoa, no Palaphita Kitch, e estávamos atrás de uma nova oportunidade para dar prosseguimento ao trabalho. E nada tem mais visibilidade do que o Carnaval”, declarou o embaixador Regli, que é apaixonado pela folia carioca. “Já desfilei na Tijuca há algumas décadas e espero repetir a dose ano que vem”.
“A Suíça não é só chocolate e queijo e os brasileiros terão oportunidade de conhecer melhor nosso país. E lá, o olhar suíço sobre o carnaval também vai mudar porque não é só mulher e samba”, apontou a coordenadora da campanha de comunicação do governo da Suíça, Christina Glaeser.
Em troca do apoio financeiro, a Unidos da Tijuca oferece um pacote extenso de negócios, que vai desde a publicidade nas revistas da agremiação até um camarote VIP na quadra. “Criamos cotas de patrocínio para as empresas. Cada uma recebe ações de marketing individuais dentro da escola”, explicou Bruno, responsável pela captação de patrocinadores. 
O embaixador André Regli (E), Christina Glaeser e os responsáveis pelo marketing da Unidos da Tijuca Fabiana Amorim e Bruno Tenório
Foto:  Paulo Araújo / Agência O Dia
Nas reuniões que faz com empresários, Bruno apresenta a escola de samba como uma indústria e utiliza dados dignos de uma grande empresa. “Temos 5 mil pessoas envolvidas no Carnaval. E, só no barracão, são 300 funcionários o ano inteiro”, detalhou. O novo modelo de gestão faz parte da rotina da agremiação desde 2012, quando o enredo passou a ser lançado pelo departamento de marketing. “Tudo é discutido com a escola, mas nossa preocupação é que o enredo tenha uma identidade cultural e um retorno financeiro”, contou Bruno. 
Em três anos, a Tijuca já contou com apoio de dezenas de empresas. Em 2013, recebeu a parceria do governo de Pernambuco, para o enredo sobre Luiz Gonzaga. No ano seguinte, a parceria foi com empresas alemãs. Em 2014, oito patrocínios foram fechados pela escola para contar a vida de Ayrton Senna na Sapucaí.
Na captação de recursos, diversas fontes na mira
Para colocar o próximo desfile no Sambódromo, a Tijuca já tem, além do governo suíço, o apoio da Nestlé e da empresa de biotecnologia Syngenta, com sede na Suíça. Outras entidades, que possuem relação com o país da Europa, também estão na mira da escola.
Em média, a Tijuca gasta de R$ 12 milhões a R$ 14 milhões para tirar o Carnaval do papel. Do total, R$ 6 milhões chegam através de patrocínios. Ainda há a fatia arrecadada de eventos na quadra, em torno de 20%, e mais a subvenção de órgãos públicos (prefeitura e estado), Liesa e direito de imagem da TV Globo, pela transmissão dos desfiles, que somados chegam a R$ 6 milhões.
“De nada adianta ter um grande projeto de Carnaval se não há recurso financeiro para concretizar”, apontou Fabiana Amorim, responsável pelo marketing da escola.
Enredo homenageia Clóvis Bornay
Graças ao apoio do governo suíço, dez integrantes da escola, incluindo o novo Departamento de Carnaval composto por cinco carnavalescos, passaram uma semana na Suíça para conhecer a história do país. O enredo da Tijuca — ‘Um conto marcado no tempo-o olhar suíço de Clóvis Bornay’ —, vai revelar lendas do país europeu colocando Bornay, filho de suíço, como narrador.
“A Suíça tem muitas curiosidades, como a do dragão de Lucerna, que vamos trazer para o desfile”, contou Annik Salmon, ex-integrante da equipe de Paulo Barros e única mulher do time de carnavalescos.
Na Sapucaí, a pontualidade dos europeus será retratada em uma alegoria com relógios, já em confecção. A promessa do novo time de criação da escola é fazer um desfile inovador. “Vamos misturar a dramatização com a tecnologia”, revelou o outro carnavalesco Hélcio Paim. Além dele e Annik, o novo departamento é composto por Mauro Quintaes, Marcus Paulo e Carlos Carvalho.


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