quarta-feira, 23 de abril de 2014

Grana ou sonho? Brasileiro conta como foi parar na seleção da Guiné Equatorial

Grana ou sonho? Brasileiro conta como foi parar na seleção da Guiné Equatorial

Jônatas Obina revela como surgiu a oportunidade de defender a equipe africana e admite auxílio financeiro: 'Aceitei o convite pelo sonho da Copa, mas o dinheiro também ajuda bastante'

RAFAEL ARANTES E VICTOR ABREU
São Paulo - Jogar uma Copa do Mundo é o grande sonho de todo jogador de futebol. Poder defender sua seleção, no entanto, não é uma missão muito fácil. Jônatas Obina é um exemplo claro disso. Nascido em Sete Lagoas, o atacante do Ferroviária de Araraquara foi atrás do grande sonho vestindo cores diferentes do tradicional verde e amarelo. Em 2012, o atleta foi convidado a defender a seleção de Guiné Equatorial, conhecida pelo grande número de integrantes estrangeiros naturalizados, e viu a oportunidade como porta para o seu grande sonho no mundo da bola. A decisão, por sua vez, também teve a influência do dinheiro que ele receberia por atuar na equipe africana.
Jônatas Obina se naturalizou para tentar jogar uma Copa do Mundo pela Guiné Equatorial
Foto:  Divulgação
"Teve um empresário que foi agente de um treinador que trabalhava na seleção da Guiné e me viu em alguns jogos. Quando eu recebi o convite do presidente do país aceitei mais pelo sonho (de jogar à Copa do Mundo), mas o dinheiro também ajudou bastante. Na época, eu tinha um amigo com contatos na Inglaterra e ele disse que jogar por uma seleção me abriria chances no mercado europeu", confessou o atacante de 28 anos.
A nova vida, no entanto, não teve um início fácil. Jônatas admitiu ter sofrido uma certa reprovação do povo da Guiné Equatorial, mas graças ao apoio dos novos companheiros e da comissão técnica, a adaptação acabou fluindo de uma maneira tranquila.
Jônatas Obina atuou em quatro jogos pela seleção de Guiné Equatorial. Ele fez um gol
Foto:  Divulgação
"Em princípio a população ficava com a cara virada porque achavam que a gente estava lá só para tirar a vaga deles. Mas agora nos sentimos tão africano quanto eles. O pessoal da seleção, tanto da comissão quanto os jogadores locais, foram hospitaleiros desde o início. Foi mais fácil se adaptar porque eles ajudaram", disse.
Após defender a seleção nas eliminatórias da CAF para a Copa do Mundo de 2014 (Jônatas atuou em quatro jogos, marcando um gol sobre Cabo Verde), onde a Guiné acabou eliminada na segunda fase, o jogador admite que ainda alimenta o desejo de retornar à equipe africana para tentar transformar o sonho de atuar num Mundial em realidade.
"Eu quero voltar sim (para jogar na Guiné Equatorial). A gente fica na expetativa de ser convocado para tentar colocar a Guiné na Copa. Já que não foi desta vez, tanto eu quanto os guineenses queremos isso para o próximo Mundial", afirmou.
Sobre a quantia recebida para defender o time de Guiné, Jônatas nega qualquer tipo de contravenção ou altos investimentos pelo seu futebol: "Recebo apenas um bônus para jogar. Não tem isso de fortuna".
FIFA DE OLHO EM POSSÍVEIS IRREGULARIDADES
A Fifa está atenta à grande frequência nos casos de naturalização. A entidade, por sua vez, já chegou a recusar alguns pedidos para diminuir o tempo mínimo necessário para uma naturalização. A equipe de Guiné Equatorial é um forte exemplo da influência estrangeira. Além de uma grande quantidade de brasileiros, colombianos, marfinenses, nigerianos e até cabo-verdianos já fizeram parte da equipe africana. E até no futebol feminino local o caso é registrado.
Em meio à polêmica da Fifa sobre a investigação das naturalizações, Jônatas lembrou que outros atletas também aceitam defender outros países pelo mesmo sonho que alimenta. A forte concorrência no futebol brasileiro é um dos maiores motivadores para o fato.
"No Brasil o futebol é muito concorrido. Para nós que lutamos diariamente seria impossível chegar na Seleção. Tem muitos por aí. Em Portugal, na Itália... E agora o Diego Costa, que também acabou se naturalizando para jogar pela Espanha", concluiu.
No ano passado, a seleção de Guiné entrou em campo sem nenhum jogador local. Dos 11 titulares, todos eram naturalizados e a Fifa chegou a ensaiar uma nova investigação sobre o caso.
Recentemente, o atacante Diego Costa se naturalizou espanhol para tentar jogar a Copa
Foto:  Reuters

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