sábado, 5 de abril de 2014

Atlético de Madri e Liverpool desafiam hegemonias e sonham com fim de jejum

Atlético de Madri e Liverpool desafiam hegemonias e sonham com fim de jejum

Com revelações no elenco e atacantes em alta, espanhóis e ingleses só dependem deles para levarem o título nacional e encerrarem monopólio das últimas nove temporadas

iG

São Paulo - Há nove temporadas, dois dos principais centros do futebol europeu convivem com a mesmice na hora de conhecer seus campeões nacionais. Na Espanha, Barcelona e Real Madrid monopolizam a disputa pelo título desde 2004-05. No mesmo período na Inglaterra, Manchester United e Chelsea ganharam a recente companhia do Manchester City pela hegemonia. Mas graças ao despertar de dois gigantes que andavam meio adormecidos, a ordem das forças pode mudar este ano.
As rodadas do último fim de semana consolidaram Atlético de Madri e Liverpool como líderes no Espanhol e Inglês. A menos de dez jogos para a conclusão da temporada, eles dependem deles próprios para ficarem com a taça, mesmo não tendo a força financeira de seus rivais. A fórmula do sucesso de ambos é semelhante: técnicos jovens, mescla entre experiência e juventude, atacantes em grande fase, torcida fanática e camisas de muita tradição.
Suárez e Sturridge são os comandantes do Liverpool
Foto:  Reuters
Equilíbrio na rivalidade
Não era apenas a falta de um título espanhol, que não vem desde 1995-96, que martelava a cabeça dos torcedores do Atlético. Ver o Real cada vez mais forte, e imbatível nos clássicos de Madri, parecia um carma. As forças, no entanto, passaram a se equilibrar com a chegada de Diego Simeone. Sob o comando do argentino, o Atlético encerrou um jejum de 14 anos, ou 25 jogos, sem vencer o rival, e em grande estilo: no Santiago Bernabéu, na final da Copa do Rei, em maio de 2013.
Nesta temporada, o Atlético passou invicto pelo Real em jogos pelo Campeonato Espanhol (vitória por 1 a 0 e empate em 2 a 2), o que não acontecia desde 1999-2000. Contra o Barcelona, adversário por uma vaga na semifinal da Liga dos Campeões, empate em 0 a 0 pelo torneio nacional - eles voltam a se enfrentar na última rodada, dia 18 de maio, no Camp Nou, em duelo que pode definir o campeão.
Em sua terceira temporada no clube, Simeone montou um time disciplinado e aplicado na marcação, que tem a defesa menos vazada do Espanhol, com 22 gols sofridos. O ataque não é avassalador como os de Barça e Real, mas não costuma perder oportunidades. Principalmente quando a bola chega em Diego Costa. O brasileiro naturalizado espanhol é o vice-artilheiro do torneio, com 26 gols, atrás apenas de Cristiano Ronaldo, performance que lhe rendeu até convocação para a seleção do país - para o desgosto de Luiz Felipe Scolari, que chegou a chamá-lo para defender o Brasil.
Diego Costa é o grande nome do Atlético de Madrid
Foto:  Reuters
A defesa sólida passa pelo goleiro, o belga Courtois, um dos melhores do mundo na posição atualmente, e dois brasileiros: o zagueiro Miranda, ex-São Paulo, e o lateral-esquerdo Filipe Luis, campeão da Copa das Confederações de 2013 com a seleção de Scolari. Contratado nesta temporada, o atacante David Villa, de 32 anos, dá o toque de experiência para o Atlético, que contrabalanceia com o talento do meia Koke, de 22, apontado por Xavi como seu substituto na seleção da Espanha.
Após 31 rodadas, o Atlético lidera o Espanhol com 76 pontos, um a mais do que o Barcelona e dois à frente do Real. Neste sábado, enfrenta em casa o Villarreal, mas não terá Diego Costa por conta de uma distenção muscular.
A balada do pistoleiro
Quando conquistou o Inglês pela última vez, na temporada 1989-90, o Liverpool era o maior campeão do país, com 18 títulos nacionais, pouco antes de o futebol passar por uma revolução na terra onde foi inventado. A liga se reestruturou com a Premier League, instituída em 1992, e clubes como Arsenal e Manchester United aproveitaram a nova fase para lucrar e montar esquadrões. Os anos 2000 marcaram a entrada dos bilionários, como o russo Roman Abramovich, que comprou o Chelsea e injetou bilhões para transformá-lo em potência. Na esteira veio o antes decadente Manchester City, adquirido por um grupo de Abu Dhabi.
Apesar de ter conquistado a Liga dos Campeões em 2005, o Liverpool estagnou em relação a seus adversários. A era Alex Ferguson fez o rival United tomar o posto de maior campeão nacional (20 títulos). Foram seis anos sem levantar uma taça até a conquista da Copa da Liga Inglesa, na temporada 2011-12, quando correu risco de rebaixamento e terminou a Premier League em oitavo, sua pior colocação no campeonato desde 1994. Ídolo do clube, Kenny Dalglish deixou o comando técnico, dando lugar a Brendan Rodgers, com experiência em dois clubes de pouca expressão (Watford e Reading), mas que havia colocado pela primeira vez um time do País de Gales, o Swansea, na divisão de elite do futebol inglês.
Liverpool está perto de quebrar um longo jejum
Foto:  Efe
Sem poder gastar fortunas, Rodgers precisou de um ano para analisar o elenco e trazer reforços que fossem um bom custo-benefício. Ele apostou na vocação ofensiva de seus principais jogadores para, ao menos, brigar por vaga na Liga dos Campeões. No melhor estilo "ousadia e alegria", o Liverpool de 2013-14 joga com apenas um volante (o experiente Gerrard, de 33 anos) e aposta na visão de jogo do inglês Jordan Henderson, de 23 anos, e do brasileiro Philippe Coutinho, de 21, para municiar o melhor ataque da Europa. O uruguaio Luis Suárez lidera a tabela de goleadores da Premier League, com 29 gols. O vice-artilheiro é seu companheiro de frente, o inglês Daniel Sturridge, com 20.
O Liverpool tem o melhor setor ofensivo do Campeonato Inglês, com 88 gols em 32 jogos, média de 2,7 por partida. Onze das 22 vitórias vieram com três ou mais tentos de diferença no placar, com goleadas sobre rivais como Arsenal, Everton e Tottenham. Existe a chance de fechar a temporada como o ataque mais positivo da história da Premier League, recorde que pertence ao Chelsea de 2009-10, com 103 gols.
Apelidado como Pistoleiro, por simular tiros e por soprar os dedos como se fossem canos de revólver na hora de comemorar gols, Luis Suárez já o maior artilheiro do Liverpool numa edição do Campeonato Inglês. É também o líder em assistências do torneio, com 11. Os números poderiam ser melhores, já que o uruguaio perdeu as cinco primeiras rodadas cumprindo suspensão imposta na temporada anterior por morder o sérvio Ivanovic, do Chelsea. Podia ser pior: o atacante quis deixar o clube antes do início da temporada, por conta dos fracassos recentes.
Após 32 rodadas, o Liverpool lidera o Campeonato Inglês, com 71 pontos, dois a mais do que o Chelsea. Terceiro na tabela, o City tem 67, com dois jogos a menos, mas com um confronto direto a ser realizado no dia 12 de abril, no lendário Anfield Road. Antes, Suárez e seus companheiros encaram o West Ham, fora de casa, neste domingo.




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