segunda-feira, 3 de março de 2014

Grupo Especial: Salgueiro e Beija-Flor são as melhores da primeira noite

Grupo Especial: Salgueiro e Beija-Flor são as melhores da primeira noite

Grande Rio esbanja luxo e também brilha. Estação Primeira de Mangueira não empolga e alegoria bate na torre de TV

RAPHAEL AZEVEDO
Rio - Salgueiro e Beija-Flor foram as melhores escolas da primeira noite do Grupo Especial. A Grande Rio também brilhou e impressionou com alegorias gigantescas. Já Mangueira e São Clemente deixaram a desejar no quesito Harmonia e passaram "mornas" pela Avenida. O Império da Tijuca abriu a festa mostrando personalidade e empolgou. Mais seis agremiações vão desfilar hoje.

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Primeira a desfilar neste domingo, a verde e branco do Morro da Formiga entrou disposta a furar o bloqueio e permanecer no Grupo Especial. Embalada por um excelente samba-enredo, fez um desfile empolgante e contou com bastante receptividade do público.
Com enredo que exaltava a influência dos ritmos africanos na cultura brasileira, o Império conseguiu passar com clareza a mensagem do tema. Concebidos pelo carnavalesco Júnior Pernambucano, que fez sua estreia no Grupo Especial, os carros se destacaram pela fácil leitura e impacto visual. No entanto, trouxeram algumas falhas nítidas de acabamento devido ao orçamento apertado.
Amigos de Boni, Leo Batista, Eva Wilma, Renato Aragão e Regina Duarte foram alguns dos famosos que desfilam pela Beija-Flor
Foto:  Fernando Souza / Agência O Dia
Grande Rio brilha e impressiona com alegorias luxuosas
Com enredo sobre Maricá, a Grande Rio foi a segunda a se apresentar. Favorecida por um patrocínio de R$ 3 milhões da prefeitura da cidade, a agremiação impressionou com fantasias e alegorias extremamente luxuosas e impactantes.
A tricolor mostrou que não estava para brincadeira já na comissão de frente. Com uma
alegoria que já pode ser considerada a maior até hoje utilizada numa comissão, a escola arrebatou o público com a encenação que lembrava o filme "Piratas do Caribe". O ápice era quando um pirata era arremessado de dentro de um canhão numa rede.
Grande Rio deu show de beleza com enredo sobre Maricá
Foto:  André Luiz Mello / Agência O Dia
Em sua estreia na escola, o carnavalesco Fábio Ricardo demonstrou ainda mais maturidade artística e apresentou seu melhor trabalho até hoje. Bastante criticado antes do Carnaval, o samba-enredo funcionou muito bem e garantiu a empolgação dos componentes, que cantaram a plenos pulmões.
A São Clemente levou para a Avenida um enredo exaltando as favelas. Sem grandes inovações, o desfile foi prejudicado por falhas de evolução. O desenvolvimento do enredo deixou um pouco a desejar. Apesar de ser impossível retratar em sua totalidade a realidade das comunidades, o recorte escolhido pela comissão de carnaval não conseguiu criar uma boa comunicação com o público. O abre-alas passou dividido em duas partes. Durante vários momentos, um grande buraco se formou entre as duas alegorias, o que deve tirar décimos no quesito evolução.
Mangueira não empolga e carro bate na torre de TV
A Estação Primeira de Mangueira levou a diversidade e a beleza das festas regionais do Brasil para o Sambódromo. No primeiro desfile após a eleição da nova diretoria, a agremiação fez uma apresentação aquém do esperado. O samba-enredo, surpreendentemente, não rendeu o que poderia. A harmonia também pecou e o que se viu foi uma Mangueira sem a garra e a vibração habituais.
Mangueira veio bastante colorida, mas não empolgou
Foto:  Carlos Moraes / Agência O Dia
A comissão de frente comandada por Carlinhos de Jesus apostou na simplicidade e não trouxe tripé. A opção, no entanto, resultou numa encenação sem impacto. O trabalho da carnavalesca Rosa Magalhães apresentou altos e baixos. Se por um lado trouxe fantasias bem acabadas e de fácil leitura, por outro pecou em detalhes como ficou evidente no quinto carro. A alegoria, que retratava o festival de Parintins, estava com ferros à mostra. Outro problema foi no carro que trazia um enorme pajé. A exemplo do ano passado, a escola se atrapalhou e bateu na torre de TV. O pajé "perdeu" a cabeça. Em 2013, a libélula de uma das alegorias teve problema para passar no local, fazendo com que a agremiação estourasse o tempo.
Salgueiro está na briga
O Salgueiro entrou na Avenida como uma das favoritas ao título e saiu do mesmo jeito. Apesar de samba não ter empolgado como o esperado, a escola fez uma apresentação quase sem erros e coroada, mais uma vez, pelo talento da dupla de carnavalescos Renato e Márcia Lage. No fim, o público gritou "É campeã" para a agremiação.
Já na comissão de frente, o Salgueiro conquistou o público ao colocar uma das integrantes levitando em cima de um tripé. Em seu retorno à vermelho e branco, a porta-bandeira Marcella Alves brilhou dentro de uma fantasia deslumbrante e esbanjou entrosamento e técnica ao lado do mestre-sala Sidclei. Com belas alegorias e fantasias, a agremiação conseguiu transmitir seu enredo com facilidade.
Comissão de frente do Salgueiro foi destaque
Foto:  Carlos Moraes / Agência O Dia
Comissão de frente é destaque na Beija-Flor
A Beija-Flor contou a história da comunicação e fez uma grande homenagem a Boni. Antes do início do desfile, no entanto, a escola recebeu vaias de parte de público, que foram abafadas quando Neguinho da Beija-Flor começou a cantar.
Grande aposta da diretoria, a exibição conjunta da comissão de frente e do casal Claudinho e Selminha Sorriso funcionou perfeitamente e foi bastante aplaudida pelo público. Idealizada por Laíla e concebida por Marcelo Missailidis, a proposta já entrou para história dos desfiles e merece destaque por tamanha ousadia.
Selminha Sorriso e Claudinho fizeram apresentação perfeita
Foto:  Carlos Moraes / Agência O Dia
A bateria foi outro ponto alto. Os ritmistas sustentaram o samba com categoria e equilíbrio até o fim. Ao lado da rainha Raíssa, Boni desfilou fantasiado de Charles Chaplin e foi saudado pelas arquibancadas.
O abre-alas, apesar de grandioso, trouxe falhas de acabamento e chamou a atenção pela falta de capricho. No geral, a azul e branco passou com menos luxo do que em anos anteriores. O samba-enredo tão criticado antes do Carnaval foi cantado com vontade pelos componentes, mas o rendimento ficou aquém do esperado. O tradicional show de harmonia e vibração do povo de Nilópolis não foi visto com a intensidade de sempre. Mesmo assim, a agremiação foi correta e também vai brigar pelo título.

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