quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Pedro de Jesus: A dor não tem cor ou bandeira

Pedro de Jesus: A dor não tem cor ou bandeira

Nós da enfermagem, sabemos que não há nada que nivele tanto o ser humano quanto a dor

O DIA
Rio - Quando queremos o melhor para alguém, desejamos saúde. Sem ela, sobram dor, aflição, agonia e desespero. A dor é própria dos seres vivos, da mesma forma que a compaixão é qualidade inerente ao ser humano — ou deveria sê-la. Nem sempre é assim, e certas atitudes ficam sem sentido quando esta falta de empatia pela dor do outro acomete profissionais de saúde sem aptidão para lidar com aquele que sofre, negando a natureza do ofício.
Infelizmente, há pouco tempo, a população assistiu a vergonhoso e cruel exercício de preconceito, racismo, xenofobia e depreciação, quando médicos brasileiros injuriaram colegas cubanos, que vieram ao país para ocupar as vagas que nossos compatriotas recusaram. Médicos cubanos trabalham no mundo todo em causas humanitárias e são bastante conceituados.
A discussão sobre se é correta ou não a forma como serão pagos não nos cabe: são cientistas, adultos, que nasceram e vivem sob uma cultura e um regime político e que não são os nossos. O que interessa aqui é acabar com a dor dos brasileiros que penam sem assistência médica neste país de dimensões continentais, por falta de recursos de todos os tipos, inclusive humanos.
Quando abraçamos carreiras profissionais ligadas às áreas da saúde, tanto quanto a perícia, a técnica e a destreza são importantíssimas, temos que trazer em nosso caráter qualidades e sentimentos de misericórdia, solidariedade, altruísmo e espírito de equipe. São atributos que constroem a vocação ética profissional, aquela que separa os bons dos maus e os brilhantes dos medíocres. Não se pode conceber que um trabalhador da saúde seja preconceituoso ou racista.
Nós da enfermagem, que travamos uma luta intensa contra o sofrimento da população, sabemos que não há nada que nivele tanto o ser humano quanto a dor, seja ele rico, pobre, negro, louro, velho ou jovem. Que sejam bem-vindos os médicos cubanos e quem mais estiver disposto a trabalhar duro pela saúde dos brasileiros.

Presidente do Conselho regional de Enfermagem do Rio de Janeiro

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