sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Estudantes improvisam salas de aulas em casa

Estudantes improvisam salas de aulas em casa

Famílias defendem direito à greve, mas temem pela não reposição dos dias parados

MARIA LUISA BARROS
Rio - Há quase dois meses em casa, sem aulas e sem previsão de retorno às escolas, pais e alunos da rede municipal do Rio temem pelo ano letivo que já está chegando ao fim. Para tentar recuperar os dias perdidos, famílias estão recorrendo ao reforço escolar para os filhos menores com a ajuda dos mais velhos que cursam séries mais adiantadas. Tem sido assim na casa da moradora de Del Castilho, Maria Aparecida Soares de Oliveira, 46 anos.
A adolescente Yasmin, 14 anos, aluna do 8º ano do Ensino Fundamental, revisa as matérias com a irmã, Alessandra, 9 anos, que cursa o 4º ano. “Ela tem sido a professora da mais nova, revendo o conteúdo que foi dado antes da greve”, lamenta a mãe que desistiu de pagar por uma explicadora.
Sob os olhares da mãe, preocupada, a adolescente Yasmim ensina a irmã, Alessandra, revisando o conteúdo dado antes do ínicio da paralisação
Foto:  Severino Silva / Agência O Dia
“Ela não saberia qual matéria teria que ensinar”, diz. Além das aulas improvisadas, duas vezes por semana, as meninas trocam a televisão por treinos de balé e ginástica rítmica na Vila Olímpica do Complexo do Alemão. “Os professores estão no direito deles. As crianças têm direito à educação. Não sei se haverá reposição. Se não houver, vão chegar ao Ensino Médio cheio de deficiências”, diz, receosa, Maria Aparecida. 
Para os pais que trabalham fora, a preocupação é ainda maior por ter que deixar os filhos sozinhos em casa ou sob os cuidados dos irmãos maiores. É o caso da doméstica Simone Santos, 39 anos, mãe de seis filhos, com idades entre 4 e 18 anos. “Os maiores tomam conta dos pequenos. O meu medo é que eles fiquem o dia todo na rua sem uma atividade”, conta ela, que mora no Engenho Novo, na Zona Norte da cidade.
A esperança para essas famílias é que os professores decidam hoje pelo fim da paralisação que já dura 58 dias. “Estão empatando o futuro dos nossos filhos”, cobra Simone. A assembleia está prevista para às 10h, no Clube Municipal na Tijuca. Os professores da rede estadual se reúnem na próxima terça-feira.
Professores do Rio reivindicam a anulação do novo Plano de Cargos e Salários, aprovado pelos vereadores
Foto:  Severino Silva / Agência O Dia
Comerciantes sofrem prejuízo de 50%
A praça de guerra em que se transformou o centro do Rio, na última terça-feira, reduziu pela metade o lucro dos comerciantes da região. O empresário Roberto Cury, presidente da Sociedade Amigos da Rua da Carioca e Adjacências (Sarca), cobrou uma solução urgente das autoridades para por fim aos tumultos. “Não somos contra as manifestações, afinal vivemos numa democracia, mas contra a violência e o vandalismo de alguns aproveitadores que querem incendiar a cidade”, criticou Cury, que também é vice-presidente do Sindilojas.
No dia da votação do Plano de Cargos e Salários, a maioria das lojas no entorno da Câmara dos Vereadores fechou as portas. “Temos contas a pagar”, desabafou Roberto Cury.
Brasil fica mal em pesquisa
Pesquisa feita em 21 países colocou o Brasil em penúltimo lugar no ranking das nações que mais valorizam o professor. Segundo o Índice Global de Status, a China é o lugar que mais respeita os profissionais da área. Para eles, docentes têm o prestígio de médicos. Israel ficou em último.
O estudo revelou que os brasileiros confiam em seus mestres, mas criticam o sistema de educação. Aqui, menos de 20% da população encorajariam filhos a seguirem o magistério. Outros 88% concordam que os professores deveriam ser remunerados de acordo com o desempenho dos alunos.


    Tags: Educação , Professores , Greve

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