sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Editorial: Quem vigia a Vigilância?

Editorial: Quem vigia a Vigilância?

É impressionante a capacidade do brasileiro de corromper-se, tamanha a quantidade de esquemas desbaratados todos os dias

O DIA
Rio - É impressionante a capacidade do brasileiro de corromper-se, tamanha a quantidade de esquemas desbaratados todos os dias. O da vez a chamar a atenção dos cariocas é do da Vigilância Sanitária Municipal, que prosperou por quase uma década e vinha lesando estabelecimentos indiscriminadamente, estando eles irregulares ou não. Diante dos achados da Operação Parasita, que O DIA detalha nesta edição, cabe, primeiramente, elogiar o trabalho da polícia e fazer um questionamento: a quantas anda a ‘vigilância’ em cima de quem tem importantes poderes de inspeção?
O órgão tem imensa responsabilidade. Seus fiscais precisam verificar ampla gama de itens que abraçam praticamente todas as questões de higiene, manipulação, estocagem e controle ambiental. É correto afirmar que as decisões tomadas pela Vigilância Sanitária se escoram em pareceres altamente específicos e técnicos, o que demanda certo conhecimento — do qual a esmagadora maioria da população não compartilha.
Mal comparando, tinha-se, nas práticas podres dos agentes presos, o ‘mal do mau mecânico’, que inventava defeitos e peças num motor para arrancar dinheiro dos incautos. Há os que extorquiam apenas com a força do cargo com o medo que incutiam nos fiscalizados. Banditismo infiltrado num dos braços da lei.
Felizmente, a polícia fez um trabalho com esmero e implodiu a quadrilha. Neste cenário, denúncias são imprescindíveis, mas o governo não faria mal se criasse rotinas de autoinspeção em suas forças fiscalizadoras, de modo a detectar precocemente os malfeitos — não dez anos depois.
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