quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Marinho e o seu jogo mais difícil

Marinho e o seu jogo mais difícil

Ex-craque da Seleção mora de favor numa clínica vazia. Dorme no chão de um pequeno consultório improvisado

MARCIA VIEIRA
Rio - Uma mensa clínica médica, vazia, na periferia do Rio de Janeiro, é o atual endereço do ex-ponta direita Marinho, um dos maiores ídolos da história do Bangu e do futebol brasileiro. Sem dinheiro para alugar uma nova casa, após a separação da terceira mulher, ele mora de favor em um pequeno consultório improvisado como quarto, onde um pequeno aparelho de TV é sua única distração. A cama é um fino colchão velho, encostado na parede, no qual Marinho tenta amortecedor as dores de uma vida marcada por grandes tragédias.
Marinho trabalha no Bangu
Foto:  Paulo Alvadia / Agência O Dia
Há 12 dias, o ‘Ataque’ revelou o drama do ex-jogador na série dominical “Por onde anda”, relembrando desde as privações sofridas na infância, passando pelo mergulho nas drogas — após a perda do filho Marlon, de 1 ano, que morreu afogado na piscina da mansão do jogador enquanto ele dava uma entrevista — até a atual quase total penúria financeira.
“É uma emergência. Quando receber meu primeiro salário vou alugar um lugar para mim. A separação da minha mulher foi muito dolorosa. Andei cabisbaixo, achando que tudo estava perdido, mas não está. Estou levantando. Deixei até o cavanhaque crescer (risos)”, disse Marinho, tentando amenizar a dura realidade.
A mão que o tirou da ruas não veio de nenhum velho amigo dos tempos de dinheiro fácil e luxo em que ele ostentava cinco carros na garagem da mansão onde vivia, em Jacarepaguá.
“O Marinho ficou sem lugar e ofereci para ele dormir aqui e se cuidar. Ele está muito largado, coitado! Logo ele que tinha tantos amigos... Até cantores famosos. Ele ajudou tanta gente, mas o futebol acabou e cadê os amigos? Tenho fé que vai levantar de novo”, aposta Geraldo Luis dos Santos, o Sorriso.
A situação ficou ainda pior após o dinheiro certo da Fugap acabar com a concessão do Maracanã a um grupo privado. Hoje, Marinho sobrevive apenas do salário do Bangu, onde foi recentemente promovido de coordenador das divisões base para auxiliar técnico do profissional.
Apesar de ter um teto para morar, o dinheiro tem faltado e se não fosse o amigo Ari, da Pensão Barriga Cheia, faltaria até o almoço. “A vida está difícil, mas nada é impossível. Vou sair dessa”, promete.
Marinho observa jogadores do Bangu batendo pênalti
Foto:  Paulo Alvadia / Agência O Dia
Idolatrado, ex-camisa 7 passa experiência
Vice-campeão brasileiro pelo Bangu, em 1985, Marinho é idolatrado no clube. Dentro ou fora do estádio de Moça Bonita não há quem não o reverencie pelo futebol alegre que exibia com a camisa 7 do time e que o levou à seleção brasileira. Agora na função de auxiliar do técnico Mazola, Marinho poderá repassar sua experiência ao grupo.
“É um orgulho e um prazer enorme conviver com o Marinho. Ele sabe tudo sobre futebol e sempre nos passa algum aprendizado, nos dá dicas. É sensacional trabalhar com ele”, elogia o zagueiro Renan.
O meia Thiago Galhardo, ex-Botafogo, é outro que está feliz por ter Marinho por perto. “Ele já me ensinou e me ensina muita coisa. Jogou com meu pai, o Sica. Dispensa comentários pelo o que fez pelo Bangu, pelo Brasil e pelo que faz por nós”.
Meta é ser campeão da Copa Rio
Uma das apostas do Bangu para vencer a Copa Rio é a dupla Mazola e Marinho. Juntos, eles levaram o time de Moça Bonita ao vice-campeonato, em 2010. Amigo de Marinho, com quem jogou no passado, Mazola torce para que o ex-jogador drible as dificuldades do momento.
“Ele significa muito para o Bangu e temos que fazer muito para ajudá-lo. Infelizmente está passando por situações difíceis. Nessas horas muitos amigos te abandonam. Mas o Marinho tem muita história, vivência e vai virar esta página para nos ajudar a conquistar a Copa Rio”. diz Mazola.
Já o presidente do Bangu, Jorge Varela, acredita que a dramática história de Marinho servirá de exemplo para muitos jogadores do grupo atual: “Ele pode utilizar a experiência de vida dele para ajudar os meninos a não cometerem os mesmos erros”.
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