sábado, 17 de agosto de 2013

Jaguar: Seu garçom, faça o favor...

Jaguar: Seu garçom, faça o favor...

Domingo, 11 de agosto, foi o Dia do Garçom

O DIA
Rio - Domingo, 11 de agosto, foi o Dia do Garçom (algum parlamentar de porre deve ter bolado a lei. Detalhe: parlamentares cobram gorjetas muito mais gordas). Se qualquer idiota pode citar o samba de Noel (o personagem que faz tantas exigências é com certeza o maior chato da história do samba) quando o assunto é esse, por que não eu?
Ontem ligaram de uma rádio perguntando qual era, para mim, o melhor garçom do Rio. Quando eu bebia profissionalmente (mais de dez cervejas por dia por pelo menos 10 anos, fora as cachaças), sempre tive boa memória, mas depois que os médicos proibiram o álcool minhas lembranças ficaram nebulosas. É a amnésia abstêmica. Embatuquei; não consegui lembrar nenhum nome, fiquei olhando para o telefone com aquela cara de bobo de ator de cinema americano (você olha perplexo para o aparelho quando alguém bate na sua cara?). E olha que por décadas vivi de acordo com a frase irretocável de Abel Silva: “O bar é o repouso do lar.”
Confesso que bebi e também, nos meus crepusculares 8l anos, que conheci mais garçons que mulheres. E que também os entendo bem melhor do que a elas. Então: mesmo que a memória não estivesse batendo pino, seria injustiça destacar um entre tantos. É uma das profissões mais difíceis , eu jamais teria atributos para exercê-la. O primeiro requisito é uma grande resistência física, comparável à de um estivador. No meu tempo, os bons garçons se apresentavam impecavelmente barbeados e vestidos, de paletó branco, gravata-borboleta, calças vincadas, sapatos engraxados.
O que mais me impressionava era que, apesar da movimentação incessante, dez horas por dia (ou da noite), equilibrando entre as mesas pesadas bandejas carregadas de copos de chope, bules fumegantes, cestas de pão, pratos, talheres, garrafas e o escambau, eles não suavam! Isso eu nunca consegui entender. Sempre pacientes, atenciosos, até com os chatos. Outra coisa que até agora não se chegou a um consenso é sobre a maneira de chamá-los. “Garçom!” (acho meio prepotente), “oi!”, “psiu!” ou “rapaz!” (tradução de ‘garçon’ — e se o cara for velho?), “ô, meu!”(paulistas), ou — o que é pior — estalando os dedos. Optei por “amigo!” ou “por favor!” Enfim, brindei no domingo o Dia do Garçons levantando a minha caneca cheia de cerveja zero álcool.
    Tags: Jaguar , colunista

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