sábado, 10 de agosto de 2013

Frei Betto: Contradições do Brasil

Frei Betto: Contradições do Brasil

'É urgente a aplicação de ao menos 10% do PIB na educação'

O DIA
Brasil  melhora em quantidade e tropeça em qualidade. O IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano) de 5.565 municípios brasileiros, divulgado pelo Ipea a 29 de julho, subiu 47,5% nos últimos 20 anos. Em 1991, o índice de municípios com IDH “muito baixo” era de 85,8%. Hoje, apenas 0,6%. Naquele ano, nenhum município mereceu a classificação de “muito alto”. Agora, 44 têm IDH “muito alto”. 

Nosso país melhorou na longevidade, no crescimento da renda da população e na educação. Em 20 anos, a vida média do brasileiro passou de 64,7 anos para 73,9. A renda cresceu 14,2%. 
Mas é bom não esquecer que nossa distribuição de renda ainda é das piores do mundo. Basta lembrar que o Brasil é a quarta maior fortuna em paraísos fiscais!

São US$ 520 bilhões (mais de R$ 1 trilhão ou quase um trilhão do PIB brasileiro, que foi de R$ 3,6 trilhões em 2010). Tudo dinheiro sonegado. Nem tudo são rosas também em nosso IDH. Quase 30% das cidades brasileiras têm IDH “muito baixo” no quesito educação. E apenas cinco cidades merecem o índice “muito alto”. 

A educação é o grande entrave da ‘qualidade Brasil’. Menos da metade de nossos jovens de 18 a 20 anos termina o Ensino Médio: 41% dos alunos. Há 20 anos, apenas 13% dos alunos não se diplomavam no Ensino Médio. Se 59% dos jovens não o concluem, fica difícil para o nosso país suprir seu atual déficit de profissionais qualificados, como médicos e engenheiros.

Os problemas de nosso Ensino Médio são a falta de qualidade e o abismo entre o que se ensina e a realidade em que vivem os nossos jovens. É urgente a aplicação de ao menos 10% do PIB na educação, o incremento do ensino profissionalizante e o resgate da escola pública gratuita, em tempo integral e de qualidade.

Frei Betto - Escritor, autor de ‘Alfabetto – autobiografia escolar’

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