sábado, 3 de agosto de 2013

Fernando Peregrino: As multidões e a internet

Fernando Peregrino: As multidões e a internet

Segundo Freud, as multidões são um grupo psicológico crédulo e aberto a influência, sobretudo de imagens

O DIA
Rio - O sociólogo e psicólogo francês Gustav Le Bon, em ‘A psicologia das Multidões (1895)’, dizia à época que vivíamos a era do poder das multidões e que estas agem suplantando instituições. E mais, elas têm um comportamento alheio às personalidades de seus componentes. Valores políticos, religiosos e morais, que povoam o nosso subconsciente, alguns com marcas ancestrais, são desconhecidos do racional de nossas personalidades. Citado por Freud, em ‘A Psicologia das Massas e a Análise do Eu (1921)’, Le Bon dizia que elas são guiadas por símbolos e agem como um único ser. O que ele chamou de lei da unidade mental das multidões. Alguns líderes interagem com esse subconsciente, dizia ele, outros têm limitações. Por exemplo, Napoleão conhecia com profundidade a alma das multidões francesas.
Segundo Freud, as multidões são um grupo psicológico crédulo e aberto a influência, sobretudo de imagens. Seus sentimentos são sempre extremados, e com poucas incertezas. Como explicar no Brasil um comportamento de multidões tão homogêneo e simultâneo? Por que tantas certezas? A maioria não tem histórico de participação política. Eram consideradas alienadas.
Duas conclusões surgem. A primeira: os autores citados tinham razão. As multidões respondem a estímulos do subconsciente diferentemente do racional dos indivíduos. A segunda, e nova, é que vivemos em uma sociedade em rede, segundo Manuel Castells, onde a internet democratiza a comunicação e a informação. E o Facebook, o produto mais popular da internet, tem exercido o papel de estímulo coletivo que os líderes individuais deveriam exercer sobre as multidões. Mas que instituições serão suplantadas por essas multidões? No Rio, parece que o alvo existe.
Doutor em Engenharia pela Coppe/UFRJ


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