sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Abandono e desperdício na rota do BRT Transoeste

Abandono e desperdício na rota do BRT Transoeste

Obras de 15 estações inacabadas são deixadas de lado e têm até material furtado

CONSTANÇA REZENDE
Rio - Em vez de passageiros, marcas de tiro, lixo, restos de drogas, pichações e material de obras largados. Este é o cenário de estações do BRT Transoeste de Campo Grande a Santa Cruz, que deveriam ter sido inauguradas no início deste ano, mas estão em total abandono. A empresa Sanerio, responsável por fazer as obras, orçadas em R$ 84 milhões, teve o contrato cancelado pela prefeitura por não ter entregue 15 das 30 estações que o trecho prevê. Ela deixou um rastro de materiais espalhados pela via. Segundo a Secretaria Municipal de Obras, a construtora Mascarenhas Barbosa Roscoe foi contratada em caráter emergencial — sem licitação — para retomar os trabalho.
Enquanto isso, impera o descaso com o que já foi construído com o dinheiro público empenhado nas estações-fantasma da Avenida Cesário de Melo. Além das pichações, lixo e marcas de tiros no interior das estruturas — na primeira visita ao local pela reportagem, traficantes circulavam armados pelo local e, na quarta-feira, um funcionário rodoviário urinava em uma estação —, materiais caros abandonados, já pagos, estão sendo furtados.
Segundo moradores de Campo Grande, tiros danificaram vidraças em estações na Avenida Cesário de Melo, mas não houve substituição
Foto:  Carlo Wrede / Agência O Dia
Segundo a fornecedora de portas elétricas das estações, 25 correias que custam R$ 70 cada, 25 baterias, de R$ 400 e três placas controladoras, de R$ 2 mil, já foram roubadas. A empresa, assim como a que forneceu a iluminação, retirou todo o equipamento instalado, por temer novos saques e por não ter recebido o pagamento pela Sanerio. “Estamos retirando todo o material que já tínhamos posto nas estações, porque, assim, o prejuízo do calote será menor. Além disso, estão roubando tudo. Daqui a pouco, não sobrará nem a telha. Vai ficar só a base”, disse um funcionário.
Outro fornecedor disse que o local, à noite, também tem servido de dormitório para moradores de rua e como ponto de venda de drogas para traficantes e usuários.
Mesmo sem ter posto nenhum tipo de segurança nas estações, o secretário de Obras considerou o ato de recolher os materiais como “furto” por parte das empresas, e disse que tem prestado queixa na polícia contra isso. “Eles estão cometendo um crime e devem ser processados. Não me interessa se a construtora deu calote no fornecedor, eles que se resolvam na Justiça”, comentou.
Construção de estação no bairro da Z. Oeste não foi concluída e há denúncias de roubo do material abandonado
Foto:  Carlo Wrede / Agência O Dia
R$ 2 milhões a mais para fazer a obra
Segundo o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, a empresa que entrará no canteiro abandonado na semana que vem terá que entregar as estações, além de alargar uma pista, até dezembro. A Mascarenhas Barbosa Roscoe terá R$ 21 milhões, R$ 2 milhões a mais do que seria repassado à Sanerio, pelo orçamento de 2011, para concluir a obra.
Ela foi escolhida emergencialmente porque a segunda colocada na licitação de 2011, a Andrade Gutierrez, que deveria assumir a função, recusou o serviço “por compromissos com outras obras”. A terceira, Delta, não pode assumir contratos com a administração pública por ser considerada inidônea pela Controladoria-Geral da União (CGU).
    Tags: BRT , Ônibus

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