sábado, 27 de julho de 2013

Editorial: Reflexões para a Igreja

Editorial: Reflexões para a Igreja

Bergoglio tem vivido dias de superstar

O DIA
Rio - Ontem este espaço se dispôs a fazer breve comparação entre os três últimos Papas — e como Francisco pode tornar-se não o mais popular entre o trio, mas o mais amado da história. A observação é oportuna porque Bergoglio tem vivido dias de superstar, e ontem não foi diferente — vide a meia hora que levou para percorrer pouco mais de três quilômetros em Copacabana, com frequentes paradas para abençoar fiéis, beijar crianças ou receber presentes. O esforço em não descolar-se do povo é raro e esplêndido.
Mas a humildade não é a única virtude deste Papa, e sua intenção de mexer na Igreja, mesmo que colecione desafetos, é tão ou mais nobre. Estudiosos veem nestes primeiros meses de papado um destemor ímpar e uma clareza incontestável em prol da justiça social e contra a corrupção. Lemas que carregam bem próximo a si. Dispensa regalias principescas e cortou na carne ao demitir larápios no Banco do Vaticano.
É um esforço de devolver a Igreja ao rebanho, eixo central da Teologia da Libertação, corrente que floresceu na América Latina, mas que encontrou a ira da ala mais conservadora — Joseph Ratzinger, antes de suceder a João Paulo II, empreendeu cruzada contra os expoentes da Libertação e ajudou a enfraquecê-la a ponto de quase enterrá-la.
Francisco não necessariamente comunga com todas as teses defendidas pelos colegas do continente, mas sua postura vai ao encontro de muitas delas. Entende que a Igreja Católica, neste momento de perder gente para outras crenças, tem de ir até os fiéis, e não encastelar-se.
É possível, por isso, que comece a enfrentar pressões para refletir sobre tabus como o celibato e a ordenação de mulheres para o ofício.


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