sábado, 27 de julho de 2013

Editorial: A força de um Papa muito pop

Editorial: A força de um Papa muito pop

A simplicidade e justiça que emanam de Francisco poderão transformá-lo em um dos maiores Papas da história

O DIA
Rio - Organizam-se edições da Jornada Mundial da Juventude desde 1986, e os fiéis que a elas foram viram três Papas — João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Líderes católicos bastante diferentes entre si. O que está hoje no Rio surpreendeu seu rebanho já ao ser anunciado e desde então mantém inesperado mas bem-vindo fascínio. A eleição de Jorge Bergoglio derrubou todas as previsões de vaticanistas, e o “Papa do Fim do Mundo”, como se autoproclama com bom humor, revela-se, nos discursos, humilde e ao mesmo tempo audaz.
O que, para a Igreja, é incômodo e formidável. Incômodo porque Francisco reafirma, a cada passo, estar disposto a lutar contra o abuso de poder — inclusive dentro da Cúria — e as injustiças. Atrai, portanto, inimigos. Mas, paralelamente, constrói imensa empatia com quem mais importa: os católicos.
A postura ficou inequívoca ontem, nas falas em Varginha e em Copacabana. Francisco, na linguagem do povo — vide a “água no feijão” —, defende com firmeza a justiça social, no mesmo tom em que condena a corrupção na política, o consumismo e a busca pelo prazer, pelo luxo ou pelas drogas. Mas prega que jamais se abra mão da alegria.
Bento XVI, acadêmico conservador, transmitiu tanta austeridade que tinha de se esforçar para conquistar popularidade. Já João Paulo II, carismático e solar desde o início, erigiu uma aura de santidade ao defender o papado até a morte, já combalido. Francisco, novato no Trono de Pedro, é “fofo”, “gente como a gente”. A simplicidade e justiça que emanam dele poderão transformá-lo em um dos maiores Papas da história.


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