sábado, 20 de julho de 2013

Amigos do peito

Amigos do peito

Estudo mostra que a amamentação materna na primeira hora de vida evita que a criança use chupetas, o que reduz problemas de respiração bucal, alteração da linguagem e até otite

PALOMA SAVEDRA
Rio - Símbolo da maternidade, a amamentação também é grande aliada na redução de uso de mamadeiras e chupetas. De acordo com estudo elaborado pela fonoaudióloga Gabriela Buccini, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), o bebê que é amamentado no peito na primeira hora de vida tem menor chance de usar esses produtos — que afetam a saúde da criança, desencadeando problemas de respiração bucal, alteração da linguagem e até otite.
Crianças que são amamentadas têm mais chances de rejeitar bicos artificiais, como chupetas
Foto:  Banco de imagens
A estudiosa se baseou em dados obtidos pela 2ª Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno, em 2009, do Ministério da Saúde, feita com 34.366 crianças com menos de um ano de todas as capitais do país. Pela análise dos dados — que abrangem diversas questões — Gabriela concluiu que a amamentação na primeira hora de vida favorece o prolongamento da prática e o menor uso de bicos artificiais. 
“A mãe que amamenta na primeira hora acaba fazendo isso por mais tempo. Isso aumenta o vínculo dela com o bebê, a ponto de evitar o uso desses instrumentos em outros momentos”, declarou.
A análise clínica também chamou a atenção de Gabriela. “Muitos casos de crianças com problemas de linguagem eram associados ao uso prolongado de mamadeira e chupeta”, conta.
Sem saber dos efeitos positivos, a assessora de comunicação Graciele Borges, 35 anos, cujo filho Enzo completará um mês no dia 25, comemora. “Assim que nasceu, a pediatra o colocou pra mamar e eu nem sabia desse fator. Ele não estranhou e não tenho problemas. Mas infelizmente quando acabar a licença-maternidade vou ter de introduzir a mamadeira”, disse.
Gabriela alerta para a intensidade do uso da chupeta, que considera mais prejudicial: “A chupeta é pior que a mamadeira por conta do tempo que fica na boca da criança, o que pode levar à má formação da arcada dentária, por exemplo”, adverte.
De 70 % que amamentaram à primeira hora de vida, 19% usaram chupeta
A pesquisa revela que, das 34.366 crianças observadas, 70% foram amamentadas na primeira hora de vida.
Segundo Renata, as diferenças percentuais observadas entre crianças que amamentaram nos primeiros 60 minutos de vida e as que não o fizeram são pequenas. Porém, ela considera que os resultados são significativos.
Dos 70 % que amamentaram na primeira hora de vida, 19% fizeram uso de chupeta, 41% de mamadeira e 45% usaram os dois produtos. Entre os que não mamaram, 21% usaram chupeta, 44% mamadeira e 50% usaram chupeta e mamadeira.
Ministério da Saúde não recomenda uso de chupetas e de mamadeiras
O Ministério da Saúde não recomenda o uso de mamadeira e chupeta, alegando que “atrapalham a forma como o bebê vai mamar no peito”. Segundo o órgão, a prática faz com que a criança estranhe o bico do peito e o rejeite.
Até mesmo fora do período de amamentação o ministério reprova o uso desses produtos. A explicação é que prejudicam o desenvolvimento da arcada dentária e o processo de deglutição. O uso intensificado de chupetas e mamadeiras também pode provocar alterações na linguagem, ocasionar a respiração bucal, além do surgimento de otites (inflamação no ouvido).




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