sábado, 15 de junho de 2013

Marcos Espínola: Copas das elites

Marcos Espínola: Copas das elites

Os estádios reformados podem ter inovação, beleza e a cara da Fifa, mas nunca mais terão a verdadeira identidade de quando foram erguidos

O DIA
Rio - Como sabemos, o Brasil é a grande vitrine do futebol mundial. Somos, segundo eternizou Nelson Rodrigues, a Pátria de Chuteiras. O Rio de Janeiro está diretamente ligado a essa máxima, e o Maracanã foi palco de espetáculos inesquecíveis, tendo pisado em seu gramado os principais nomes da história do futebol. Mas, depois de 60 anos, sediarmos nova Copa e termos o povo de fora da grande festa é um absurdo, com o que parcela excessivamente capitalista desse esporte pouco se importa.
Após tantos anos de clássicos que arrastaram multidões, com públicos que ultrapassaram a margem de 200 mil pessoas, o velho e bom Maracanã se elitizou. A essência de sua existência, a massa popular, principalmente os saudosos ‘geraldinos’, perdeu sua vez. As arquibancadas de concreto, na qual as torcidas se aglomeravam e empurravam seu time num verdadeiro espetáculo de paixão, também perderam seu espaço, limitando-se a apertadas cadeiras que diminuíram pela metade a capacidade do Maior do Mundo.
E essa elitização fica ainda mais deflagrada nessa Copa das Confederações, que se inicia hoje. Obter os ingressos é uma loteria. E aqueles que conseguiram o fizeram mediante alto aporte financeiro, fora da realidade da maior parte do povo brasileiro. Na contramão da maioria das histórias dos craques brasileiros, hoje milionários, que nasceram em comunidades carentes, a atual gestão do futebol brasileiro e mundial exclui o telespectador pobre, representante do povo. Representante das origens desses mesmos jogadores, do futebol gingado, moleque, habilidoso.
Os estádios reformados por todo o país podem ter inovação, beleza e a cara da Fifa, mas nunca mais terão a verdadeira identidade de quando foram erguidos, ou seja, a cara do povo brasileiro, celeiro do futebol mundial. A Copa das Confederações e a do Mundo são para as elites.
Advogado criminalista


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