sábado, 22 de junho de 2013

Leda Nagle: O que é público é nosso!

Leda Nagle: O que é público é nosso!

As imagens mostram claramente isto;os que cantam e marcham para protestar e os que lá estão para roubar

O DIA
Rio - Não sei afirmar, com certeza, o que é maior nem mais impactante: a quantidade de gente nas ruas ou a surpresa que as passeatas causaram. Como é que surge uma situação desta proporção do nada, perguntam perplexos cidadãos comuns e autoridades. Foi a internet, afirmam alguns ou muitos. Só as redes sociais? Sem nenhum preparo, sem reunião, sem comitê organizador? Brotou? Surgiu? Aconteceu? Resisto a estas justificativas. Acho simples demais. Mas o ser humano é imprevisível. A paciência tem limites. O copo de água transbordou. Os tais 20 centavos foram a gota d’água. Preciso esperar mais um pouco, pra entender melhor.
Este nosso tempo é um tempo de pressa, do imediato, do aqui e agora. Tanto na área do prazer como do dinheiro, da fama ou do sucesso. O amanhã ficou muito longe. Esperar não é um jeito de viver desta geração. O mundo ficou assim. Mas alguns comportamentos me assustam e revoltam. Jamais vou compreender. Qual é o sentido de quebrar os vidros de um prédio público ou privado? Por que destruir o patrimônio que é nosso, que é pago ou restaurado com o nosso dinheiro?
Porque é que, no nosso país, desde sempre, o que é público não é de ninguém, logo pode ser depredado? Qual é o objetivo de deixar um rastro de destruição para mostrar a indignação? Me comove a situação do dono do restaurante que perde seu negócio por conta da ira sem rumo de uns poucos que se misturam, se infiltram para quebrar o bem do outro. Como se justifica colocar fogo no velho carro de alguém? Como assim querer impedir a imprensa de trabalhar e mostrar o que está acontecendo?
As imagens dos roubos e dos saques me deixam pasma e triste. Nas redes sociais os jovens manifestantes se revoltam porque a televisão se refere a todos como manifestantes. É preciso separar o joio do trigo. E realmente é. Mas as imagens mostram claramente isto; os que cantam e marcham para protestar e os que lá estão para roubar. Roubariam se estivessem num cargo público, se pudessem participar de uma licitação ou de um edital. Não entendem o mais básico: o que é público é nosso e o que é do outro é do outro.
E isto não tem nada a ver com a manifestação. Ou será que tem? A consciência do bem comum, do coletivo tem que ser reconstruída com a mesma urgência com que se dá a comunicação pelas redes sociais. Cuidar do que é público é prova de cidadania, é evolução da espécie, é uma questão de todos e precisa ser conquistada já, na mesma velocidade da comunicação virtual. Com a mesma pressa.
E-mail: comcerteza@odia.com.br


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