Síria -  O primeiro-ministro da Síria escapou de uma tentativa de assassinato nesta segunda-feira depois que uma explosão de bomba atingiu seu comboio em Damasco, afirmou a mídia estatal. O premiê Wael al-Halqi não teve nenhum ferimento em decorrência do ataque no bairro de Mazzeh, na capital, segundo a TV síria.
A TV mostrou imagens de carros destruídos e destroços no local em que bombeiros lutavam contra as chamas provocadas pela explosão. O ousado ataque em um bairro de classe alta, que abriga muitas embaixadas e escritórios do governo, foi outro golpe para o regime e expôs sua vulnerabilidade na própria sede de poder do líder Bashar al-Assad, alvo de uma guerra civil que já dura dois anos.
Primeiro-ministro sírio sofre atentado e Damasco, mas escapa com vida | Foto: EFE
Primeiro-ministro sírio sofre atentado em Damasco, mas escapa com vida | Foto: EFE
O conflito na Síria começou com protestos pacíficos contra o governo em março de 2011, na onda da Primavera Árabe , mas escalonou para uma guerra civil que deixou 70 mil mortos , segundo estimativas da ONU.
Uma autoridade do governo sírio afirmou à Associated Press que os explosivos foram colocados debaixo de um carro que estava estacionado na região e foi detonado quando al-Halqi saiu de carro. A autoridade falou em condição de anonimato.
O canal estatal sírio Al-Ikhbariya disse que al-Halqi compareceu a uma reunião semanal com o comitê econômico logo após o atentado e mostrou o premiê sentado à mesa em uma sala com diversas outras autoridades.
De acordo com a TV, aquela era uma prova de que al-Halqi não estava ferido. Mas os comentários do premiê depois do encontro não se referiram à explosão desta segunda-feira e ele não foi questionado por repórteres, deixando dúvidas se as imagens foram realmente feitas após o atentado.
Depois, a agência de notícias estatal Sana disse que al-Halqi condenou a explosão, que deixou "muitos cidadãos" mortos. A reportagem não falou em números, mas afirmou que o ataque mostra como os grupos armados ficaram "falidos" com os avanços recentes feitos pelas tropas sírias no país.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, organização ativista com sede no Reino Unido, disse que a explosão desta segunda-feira matou um guarda-costas de al-Halqi e deixou um dos seus motoristas em estado grave.
O ataque ocorreu a 100 metros de distância da residência do embaixador suíço. Na cena do ataque, carros destruídos estavam cercados de detritos, com os assentos cheios de sangue.
Histórico de ataques
Esse não foi o primeiro ataque que possuía como alvo uma autoridade do alto escalão na capital síria no último ano. Em 18 de julho, uma explosão contra o prédio da segurança nacional síria em Damasco durante um encontro de ministros do gabinete matou o ministro da Defesa e seu vice, que era cunhado de Assad. O ataque também deixou o ministro do Interior ferido.
Em dezembro, uma explosão de carro-bomba que tinha como alvo o Ministro do Interior deixou mortos e feriu mais de 20, incluindo o ministro Mohammed al-Shaar. Inicialmente, a mídia estatal da Síria disse que al-Shaar não havia ficado ferido na explosão. Notícias sobre seus ferimentos vieram à tona uma semana depois, quando ele foi para o Líbano para ser submetido a tratamento médico.
Em abril, Ali Ballan, chefe de relações públicas do Ministério de Assuntos Sociais, foi morto com um tiro enquanto jantava em um restaurante de Mazzeh.
Marca de radicais islâmicos
Nenhum grupo reivindicou responsabilidade pelo ataque desta segunda-feira. Explosões de bomba como essa que atingiu o comboio do primeiro-ministro são uma marca registrada de radicais islâmicos que lutam ao lado dos rebeldes da Síria, aumentando as preocupações sobre o papel dos extremistas na guerra civil da Síria.
Al-Halqi, membro sênior do partido de Assad, o Baath, assumiu o cargo no ano passado depois que seu predecessor, Riad Hijab, desertou para a Jordânia. Al-Halqi era o ministro da Saúde da Síria.
As informações são do IG