Rio -  Há 17 anos na Maré com o projeto "Luta pela Paz", o britânico Luke Dowdney está perto de festejar a marca de dez mil alunos que passaram por sua academia de boxe na favela.
Com um cartel de quatro campeões brasileiros nas suas categorias e um reserva da seleção brasileira na Olimpíada de Londres, Luke diz que o número será alcançado até o final do ano.
Para entrar na sua academia — um imenso galpão de 15 mil m² , no coração da favela —, as crianças precisam estar em dia com os estudos.
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
“No Brasil, foca-se apenas em punição, o jovem vai para a cadeia e volta pior”, diz Luke, para quem o boxe é metáfora perfeita da vida em favelas. “É preciso oferecer algo construtivo. As lutas podem ocupar este espaço”, prega. Seu trabalho tem cinco pilares: luta; educação; empregabilidade através de cursos; suporte social e formação de liderança juvenil.
Para Luke, UPP deve ser inclusiva: “Do contrário, vira ocupação”
Mestre em Antropologia e ex-boxeador, Luke acha as UPPs um grande avanço, mas faz um alerta: o trabalho está sendo feito pela metade. “Elas diminuíram a morte de jovens e mudaram o clima na Zona Sul.  Mas pacificação é inclusão; do contrário, vira ocupação”. Enquanto a UPP não chega à Maré, onde seus alunos têm trânsito livre pelos territórios dominados por três facções, Luke se dedica a exportar seu modelo de inclusão social. “Já estamos no Nepal, Botsuanda, Uganda e Suriname”.