Rio -  Flávio Mendes se matriculou na primeira turma do curso de mecânica da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) do Complexo do Alemão e hoje tem seu próprio negócio de instalação de ar refrigerado.
Como ele, muitos outros moradores de áreas pacificadas estão recorrendo aos 12 cursos profissionalizantes da Faetec para mudar de vida. De acordo com o presidente da fundação, Celso Pansera, os estudantes das comunidades se esforçam muito mais e faltam menos aulas dos que os de outras áreas.
Flávio estudou mecânica e hoje tem seu próprio negócio de instalações | Foto: Divulgação
Flávio estudou mecânica e hoje tem seu próprio negócio de instalações | Foto: Divulgação
Entre outros cases de sucesso estão Monique Bastos, que entrou no curso de boleira no Chapéu Mangueira para fazer bolos no aniversário de seu filho e hoje fatura de R$ 1.500 a R$ 2 mil por mês com a venda para fora, e Felipe Araújo, que fez um curso profissionalizante de cabeleireiro na Faetec do Morro dos Macacos e hoje trabalha no salão de beleza Werner.
A última inscrição para as 3.832 vagas oferecidas nessas regiões estão sendo disputadas por 6.165 candidatos. As áreas de Hospitalidade e Lazer foram muito procuradas.
“Como sabem que ainda há preconceito com moradores de favelas, esses alunos querem tirar as notas mais altas”, disse Pansera. A coordenadora do Centro Vocacional Tecnológico do Alemão, Graça Born, diz que muitos jovens de sua unidade largaram o vício em crack e o tráfico de drogas durante os cursos.
De 2009 a 2012, 13 mil jovens formados
De acordo com a Faetec, 13 mil alunos já foram formados em áreas pacificadas, entre 2009 e 2012. As comunidades que já contam com os cursos profissionalizantes são: Complexo do Alemão, Batan, Cidade de Deus, Correios, Barreira do Vasco, Chapéu Mangueira, Santa Marta, Morro dos Macacos, Engenho Novo, Jacaré e Mangueira.
Os cursos de maior procura são assistente administrativo, eletricista predial de baixa tensão, cozinheiro industrial, inglês,informática e cabeleireiro. “Nós também acompanhamos o aluno na lida lá fora, com apoio de uma equipe pedagógica”, explicou Graça.
Celso Pansera disse que trabalha para que todas as áreas pacificadas ganhem uma unidade, porém a dificuldade em achar um terreno apropriado nesses locais atrasa o serviço.