Rio -  De Volta Redonda para a Alemanha. Duas adolescentes internas do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) estarão entre os representantes brasileiros de um dos maiores campeonatos estudantis de robótica no mundo, o First LegoLeague — Open European Championship 2013.
Para entrar neste seleto grupo, com equipes de 35 países, as meninas de 15 e 16 anos inovaram montando um protótipo em Lego de uma cadeira de rodas elétrica.
As meninas tiveram que “suar a camisa” por cerca de três meses para desenvolver o projeto que vão apresentar na cidade alemã de Paderborn. Os treinamentos eram de 30 horas por semana.
As meninas de 15 e 16 anos trabalharam duro por três meses para conseguir montar o protótipo inovador | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
As meninas de 15 e 16 anos trabalharam duro por três meses para conseguir montar o protótipo inovador | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
“As Meninas Supertalentosas”, como foi batizada a dupla, prometem não fazer feio. Como o tema deste ano no campeonato é de soluções para idosos, o time resolveu montar o protótipo de uma cadeira de rodas com auxílio da escola de samba União da Ilha e do colégio Liceu Franco-Brasileiro. A proposta, quem sabe, poderá ser adotada no futuro na Sapucaí.
A ideia é permitir que as baianas com mais idade desfilem sentadas com o apoio da tecnologia, já que o deslocamento para frente e para trás e, claro, o tradicional giro, poderá ser feito acionando um mecanismo com o pé.
Chegar à Alemanha é mais que um desafio para essas meninas. De famílias humildes, eles se envolveram com a criminalidade e acabaram internas para cumprir medidas socioeducativas.
A situação dos seus pais é de tanta carência que eles não tinham sequer documentos para que as filhas tirassem o passaporte. A viagem delas só foi possível porque, agora, elas estão em regime semiaberto. “É a primeira vez que vou andar de avião. Estou com medo, mas também ansiosa”, contou a jovem de 15 anos. V
Veja o vídeo com o trabalho das meninas
Estudante que apoiou a dupla vai levar a experiência por toda a vida
Estudante de Engenharia de Controle e Automação pela UFRJ, Philipe Miranda de Moura, 17, que ajudou as meninas no projeto, vai levar a troca de valores sociais para a vida toda. “Uma delas estava toda feliz porque no semiaberto poderia usar de novo suas roupas e não o uniforme do Degase. Isso me faz pensar em reclamar menos da vida e torcer para que elas nunca mais passem por isso”, conta.
Técnica das Meninas Supertalentosas, Sandra Caldas vai junto com as adolescentes. Ela explicou que o campeonato tem três etapas. Na primeira, a dupla terá 2,5 minutos para realizar tarefas com um robô num campo com montagens da Lego. A outra é a apresentação de um vídeo e, por fim, a pesquisa científica — a cadeira de rodas elétrica.