Rio -  Finalmente! O prefeito acordou. Mandou reforçar a sinalização das pistas para ciclistas treinarem na Zona Sul e no Aterro. Vai exigir das empresas de ônibus que digam nomes de motoristas infratores. E os motoristas de ônibus vão passar por reciclagem. Em que tempo, não se sabe. Mas já é alguma coisa. Pra dizer a verdade, demorou e ainda é pouco diante da barbárie instalada. Os números são assustadores. Em 30 dias, 12 mortos, 54 feridos e um ônibus multado a cada dois minutos e meio. Sei também que não se pode colocar na conta do prefeito, e só dele, todos os absurdos. Mas é com ele que a gente tem que reclamar.
Afinal, ele é o prefeito, é ele quem dá as ordens, responde pelos seus secretários e pelos operadores de trânsito. Ele tem, ou deveria ter, autoridade sobre as empresas de ônibus, que fazem o que querem há anos, numa demonstração de poder assustadora. Ele pode mudar o jogo. Já passou da hora de cobrar destas empresas irresponsáveis maior vigilância dos empregados. Afinal, a gente não contrata qualquer um pra trabalhar pra gente, a gente levanta a ficha da pessoa, toma referências, observa. Por que é que as empresas não podem fazer o mesmo? Não é razoável que um ônibus possa ter 20 multas e a empresa não saber. Pela escala de trabalho é simples relacionar multa com o condutor. Basta estar atento. Basta levar a sério o serviço. Chego a pensar que eles não pagam as multas porque, se pagassem, saberiam direitinho quem é quem no seu elenco. Gostei da ideia da reciclagem para os motoristas. Mas acho mesmo que é preciso reeducar todos os motoristas, educar pedestres, ciclistas e motoqueiros. É fundamental educar para o trânsito, desde a escola até sempre. Não é só no Rio, é no Brasil inteiro. É preciso mudar a cultura que une carro a poder, virilidade e esperteza.
Respeitar sinais e regras de trânsito é para todos. Inclusive para pedestres, que parecem ter alergia à faixa e acham que podem ganhar dos carros se correrem. É preciso que motoqueiros ou motociclistas, como queiram, aprendam que as regras valem para eles também, que sofrem acidentes todos os dias e se limitam a atribuir só aos carros suas tragédias. Eles também não respeitam nada nem ninguém. Claro que sei que isto leva tempo, mas, quanto mais tarde começar, mais tempo levará para melhorar. Os operadores de trânsito também precisam de revisão. Não basta vê-los, conversando, em grupos de três ou quatro, nas esquinas, de costas pro trânsito, alheios ao assunto. É preciso atitude. E quando falo em atitude também não estou falando só em multar. Estou falando em orientar, educar, repreender. Organizar...
Leda Nagle é jornalista, escritora e apresenta na TV o ‘Sem Censura’ | E-mail: comcerteza@odianet.com.br