Rio -  Nos Jogos Olímpicos de 2012, o time britânico conquistou 65 medalhas em 14 esportes, sendo 29 de ouro. Somente dois países, os Estados Unidos e a China, conquistaram mais medalhas de ouro, 46 e 38, respectivamente. O que estas nações possuem em comum? A formação esportiva iniciada em ambiente educacional. Ou seja, onde se estuda pratica-se esporte. Este modelo clássico foi desenvolvido na sequência do advento da revolução industrial, em meados do século XVIII, com introdução dos esportes na atividade extraclasse regular das escolas britânicas.
No Brasil, apesar de a escola não ser o celeiro do atleta, foram as escolinhas que vieram oferecer ao público infantil e adolescente o aprendizado no vôlei, basquete, natação, judô etc. Até os anos 90, o aprendizado esportivo era oferecido pelos clubes e algumas prefeituras, e era este formato que respondia pela base do atleta brasileiro rumo à alta performance. Atualmente, as famosas escolinhas, em praias, logradouros públicos, favelas, condomínios etc, são conduzidas por professores de Educação Física e ex-atletas, gerando uma rede economicamente ativa.
E, apesar de a iniciação esportiva ser pulverizada por atuar em diferentes ambientes e sem controle por parte das federações que regulam as modalidades, a base de iniciantes se alarga em nosso país. E interessantes exemplos no fomento da formação esportiva crescem em larga escala.
No Rio, a Escola Social de Vôlei RJX, da equipe RJX, atua em cinco comunidades pacificadas (UPPs), atingindo 700 crianças no ensino do voleibol. A Escola Social do RJX se propõe a ensinar voleibol e fazer com que as crianças se divirtam com o esporte, participem efetivamente dos jogos e torçam pelos atletas. Além do enfoque social, este projeto esportivo direciona para os clubes, que competem nas categorias mirim, infantil e juvenil, os alunos que demonstram motivação e habilidades com padrão de rendimento aceitável para competir representando um clube federado.
Em longo prazo, o RJX tem a perspectiva de inserir na sua equipe um desses jovens que têm origem no seu projeto social ou dos clubes que apoia. Neste sentido, estamos criando um modelo estreitamente vinculado com as nossas características materializadas pelas consequências sociais e econômicas de nossa sociedade. Necessitamos agora organizar a base com controle efetivo das práticas formadoras dos futuros atletas. Como no caso dos britânicos, a quantidade de praticantes não é o único aspecto que interessa, mas sim a qualidade da formação desses jovens atletas.
José Inácio Salles é diretor-técnico do RJX