Rio -  Se a metade da madeira comprada  por uma carpintaria perder-se no decorrer da fabricação dos móveis, esta empresa irá à falência. Na Educação é a mesma coisa. Constatamos que metade dos estudantes do Ensino Superior abandona a universidade ou troca de curso. Alguns fazem outros exames de ingresso. Outros, simplesmente, trocam as tarefas. Cinquenta por cento de todo o investimento está perdido. Isso significa que a Educação está falida.
A prova é simples: periódicos desta semana dão conta de que o governo federal deseja trazer 6.000 médicos cubanos para o Brasil. Revalidarão os diplomas. Médicos brasileiros protestam, mas sabe-se que a medicina cubana é boa e o Brasil não oferece médicos em regiões interioranas. A maioria concentra-se nas metrópoles.
Outra constatação é que faltam muitos professores de Matemática, Física, Química e Biologia. O MEC estima déficit de 170.000 profissionais. Estas são consequências que retratam a falência. Quando se observa o profissional que busca a licenciatura para ser professor, tudo fica mais nebuloso. Um matemático consegue melhor salário em pesquisa ou no mercado financeiro que em aulas para o Ensino Médio.
Se insistirem em pagar pouco ao professor, não oferecer-lhe condições de trabalho plausíveis e formação continuada adequada, não podem esperar outro comportamento por parte de quem estuda.
Não há mais o que discutir: é necessário investir em Educação de modo maciço, como o fez a Coreia do Sul há vinte anos. Dobrou o salário médio dos trabalhadores e aplicou o resultado ao vencimento dos mestres. No Brasil isto significa pagar o dobro de R$ 1.700 por 40 horas trabalhadas na semana.
Será isto possível onde há gestores que insistem em pagar o salário mínimo aos professores?
Pedagogo e escritor