Rio -  Participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vai se tornar uma experiência para lá de diferente para alguns jovens que virão de fora do Rio. Muitas das 250 mil ofertas de alojamentos feitas por voluntários para abrigar peregrinos são de casas em favelas. Somente na Rocinha, em São Conrado, 10 famílias se inscreveram na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Estrada da Gávea, cedendo seus imóveis como alojamento.
No grupo, está a dona de casa Maria Leonor Souza da Silva, 55 anos. Mãe de um ex-seminarista e de um voluntário na JMJ, ela disponibilizou dois quartos da sua casa, que fica no final da Rua do Valão, na Rocinha, para receber jovens que virão ao Rio para o evento católico. “Estou feliz e acho que vai ser uma experiência positiva tanto para mim quanto para eles”, afirmou Maria, que, ao ser questionada sobre a violência na comunidade, foi enfática: “Aqui não está tão tranquilo como falam”.
Mãe de um ex-seminarista e de um voluntário na Jornada, ela disponibilizou dois quartos da sua casa, que fica no final da Rua do Valão, na Rocinha | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Mãe de um ex-seminarista e de um voluntário na Jornada, ela disponibilizou dois quartos da sua casa, que fica no final da Rua do Valão, na Rocinha | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
120 INSCRITOS
Até o momento, cerca de 120 mil peregrinos se inscreveram solicitando hospedagem. Esse número inclui vagas em casas de famílias e instituições. Não é possível para o jovem que pedir abrigo escolher um bairro de preferência.
No Morro do Borel, sete famílias estão na expectativa para abrir a porta dos seus lares para fiéis de outros estados e países. Um deles é o auxiliar administrativo Artur Oliveira, 28 anos. De tão empolgado, ele já pensa numa festa de confraternização para os visitantes no final do evento. “Acho que colocá-los aqui vai quebrar um pouco estão questão de que a comunidade é sempre o local de violência, droga e tiros. Vai ser um intercâmbio muito rico para todos”, disse ele.
Igreja deve hospedar 50 na Providência
A alguns metros do morro da Providência, na Gamboa, está outro ponto de alojamento. Na igreja Nossa Senhora do Livramento, na Ladeira do Barroso, são esperados 50 jovens. O imóvel, que data de 1902, recebeu alguns ajustes.
“Colocamos dois chuveiros elétricos. Quem vier vai tomar banho quentinho. Apesar da proximidade com a Providência, não há perigo, a comunidade está mais segura com a UPP”, afirmou José Luiz Gullo, 66, da irmandade da igreja do Livramento.
O padre Fábio Eduardo Pinto cedeu o salão paroquial da igreja São Camilo de Lellis, no Borel, para 15 jovens | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
O padre Fábio Eduardo Pinto cedeu o salão paroquial da igreja São Camilo de Lellis, no Borel, para 15 jovens | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Distribuição será feita por idioma
A distribuição dos peregrinos por hospedagem será feita por idioma. Com isso, as regiões da cidade vão ser dividas por grupos de estrangeiros. Quem fala alemão, por exemplo, ficará num bairro; quem se comunica em inglês em outro.
“Ainda não sabemos qual grupo virá para cá, mas estamos ansiosos. A comunidade está mobilizada e a JMJ será uma grande festa”, disse o padre Fábio Eduardo Pinto. Ele cedeu o salão paroquial da Igreja São Camilo de Lellis, no Borel, para 15 jovens. Campo Grande, Santa Cruz e Barra são os locais com o maior número de ofertas de alojamentos para acolher os fiéis.