Rio -  No fim do túnel do relacionamento entre moradores do Morro da Mineira e a Light existe uma placa. Ou melhor, 190 placas. É com elas que a empresa de energia elétrica pretende dar fim às reclamações dos moradores, que criticam a irregularidade na entrega das contas e o consumo alto. A novidade chega ao morro amanhã, com as ruas e os becos da Mineira, no Catumbi, ganhando identificação.
Segundo André Luis Duarte, coordenador de operação em comunidades da empresa, as placas vão diminuir, e muito, os problemas dos moradores da favela, onde será realizado o quarto debate da série ‘Rio, Cidade Sem Fronteiras’, promovido pelo DIA.
“Temos dificuldades de entregar nos endereços certos. “Por isso, fizemos esta parceria com o Instituto Pereira Passos, da Prefeitura”, disse André.
Júlio César Teixeira e Pedro Paulo Ferreira, da associação de moradores: queixas sobre contas não entregues | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Júlio César Teixeira e Pedro Paulo Ferreira, da associação de moradores: queixas sobre contas não entregues | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
A Mineira começou a ficar visível para a Light em novembro, quando a empresa entrou na favela para tentar desfazer o emaranhado de informalidade nos postes. Em janeiro, ao término do recenseamento das ruas, as contas começaram a chegar e, com elas, dor de cabeça.
O caso de Luiza Valério Santos Dutra (conta de R$ 1.387,70) é emblemático. Por isso, a Associação de Moradores entrou no Ministério Público contra a empresa.
Ação contesta chip e pede volta dos relógios
A ação impetrada no MP pelo presidente da associação, Pedro Paulo Ferreira, visasubstituir os chips eletrônicos pelos relógios antigos. Segundo ele, esta é a razão das contas altas. O coordenador da Light tem outra versão.
“Estamos modernizando a rede e trocando geladeiras velhas por novas”, diz. “Tentamos ensiná-los a consumir menos”. Outra medida contestada na Justiça, a taxa de iluminação pública deve ser cobrada da Prefeitura, diz a empresa. “Somos apenas repassadores”.
‘É preciso mudar hábitos de consumo’
Enquanto as placas não chegam, moradores se viram. Leandro Nascimento ainda não entendeu o preço do quilowatt, que variou nas três contas que recebeu: R$ 0,60, R$ 0,49 e R$ 0,39. “Mas na casa ao lado é R$ 0,19”, diz.
Já Áurea Maria dos Santos, 80 anos, não entende porque pagou R$ 149,29 em fevereiro e R$ 31,31 em março. A Light diz que, por conta da informalidade pré-pacificação, os hábitos de consumo precisam ser modificados. “É preciso entender que não dá para deixar a porta da geladeira aberta”, diz André.