Rio -  Mais um dia de problemas e acidentes nos transportes públicos do Rio. Duas pessoas morreram e uma ficou ferida em desastres envolvendo dois ônibus, um carro e um trem.

Outro episódio no Metrô causou atrasos: uma mulher ficou com pé preso entre o trem e a plataforma. Para soltá-la, foi preciso desligar a energia da linha. Mais transtornos. Houve atrasos também nas barcas que fazem a travessia Praça 15 - Ilha do Governador.

Diante da situação, a Secretaria Municipal de Transportes e a Agência Reguladora de Transportes (Agetransp) tentam tomar providências.
Ônibus subiu calçada e arrastou banca de chaveiro | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Ônibus subiu calçada e arrastou banca de chaveiro | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
A primeira explicou que as empresas de ônibus acumulam multas porque não indicam os motoristas que cometeram as infrações. Trocando em miúdos, acabam não sendo punidas. Por causa disso, a secretaria vai criar outro mecanismo para multá-las.

A Agetransp vai investigar o acidente que culminou com a morte de um homem no trem da Supervia e os frequentes atrasos nas linhas.

Um dos acidentes de ontem envolvendo ônibus aconteceu às 13h30 em Vila Valqueire quando um coletivo da Viação Estrela e um Agile bateram no cruzamento das ruas das Rosas e Luiz Beltrão. O ônibus tem 17 multas. A 28ª DP (Campinho) investiga quem causou o acidente.
 
Fiscalização eletrônica


Após a batida, a Secretaria de Transporte anunciou outra medida para a região: vai priorizar a instalação de fiscalização eletrônica no local.

Ocupante do Agile, Alice Monteiro Cardoso, 61 anos, está no Hospital Loureço Jorge, na Barra, mas passa bem. Sônia Maria Melo, também de 61 anos, e que estava no carro, foi liberada no local.

O impacto da colisão foi tão forte que o ônibus derrubou um sinal, invadiu a calçada, onde há uma ciclovia, arrancou a banca de um chaveiro e amassou várias barras de ferros colocadas na calçada. Parou em cima da faixa de pedestre.

“Fui salvo porque saí para esquentar a marmita”, contou o chaveiro Alfredo Araújo, 59, que teve um prejuízo de mais de R$ 6 mil. O local é apontado pelos moradores e comerciantes como o mais perigoso para o trânsito em Vila Valqueire.

Motoristas sem pontuação na carteira

Se fosse motorista de um veículo particular, o condutor do ônibus do acidente em Vila Valqueire estaria com 85 pontos na carteira e teria desembolsado R$ 1.787,41 em multas.

“Mas como há empresas que não apresentam o motorista infrator ao Detran, esses pontos não vão para ninguém, e elas são apenas multadas por isso. Então, pagam as multas e pronto”, revelou o secretário municipal de Transportes, Carlos Osório.

Das 17 multas do coletivo, uma delas foi aplicada à Estrela justamente por não apresentar o motorista que cometeu uma infração. O valor é de R$ 68,10. A maioria das multas, no entanto, é por avanço de sinal, considerada gravíssima com perda de 7 pontos na carteira.

Osório está estudando junto ao Detran uma medida que obrigue as empresas a identificarem o motorista infrator. “Há uma uma falha na legislação. As multas não inabilitam o veículo de rodar. O problema é o condutor”, explicou o secretário.
Na colisão, o ônibus deslocou uma banca de jornais | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Na colisão, o ônibus deslocou uma banca de jornais | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Vendedores em pontos de ônibus

Para minimizar o efeito da proibição de vans na Zona Sul, equipes da RioCard começaram nesta quinta-feira a vender cartões do Bilhete Único Carioca em pontos que tinham grande movimento de passageiros do transporte complementar.

O cartão custa R$ 5,50 e permite a utilização de dois ônibus, no intervalo de duas horas. Os cartões são reutilizáveis e podem ser recarregados pela internet, no sitewww.riobilheteunico.com.br, ou nos pontos de venda. Os vendedores do RioCard são identificados com camisa e estandarte da Rio Ônibus e da RioCard.

Passageira atropelada dentro da rodoviária

Emilce Thomas Duarte de Oliveira, de 64 anos, foi atropelada e morreu dentro da Rodoviária Novo Rio, na tarde de ontem. De acordo com a empresa que administra o espaço, a vítima havia saltado de um ônibus da Viação 1001, que chegara de Tombos (MG), e, em vez de se dirigir para a área de desembarque, foi para trás do coletivo.

Ainda segundo a empresa, o motorista não conseguiu ver a idosa passando e a atropelou em marcha a ré. A vítima morreu no local. A Viação 1001 informou que ofereceu apoio à família da vítima e disponibilizou uma equipe de médicos e psicólogos para atendê-la.

No metrô, passageira prendeu o pé entre o trem e a plataforma na estação Vicente de Carvalho. Segundo a concessionária Metrô Rio, a energia foi interrompida, o que causou atrasos.

O homem que morreu ao cair do trem era um ambulante que tentava trocar de composição e forçou a abertura da porta com o trem em movimento, segundo a Supervia.

Pela manhã, houve atrasos no ramal de Belford Roxo, segundo a concessionária, devido a danos no pantógrafo, atingido por tiros. O equipamento faz a ligação entre o trem e a rede aérea de energia.

Esquema para driblar fiscalização de vans

Fiscais da Coordenadoria Especial de Transporte Complementar da Prefeitura do Rio acabaram ontem com um esquema de motoristas de vans para driblar a fiscalização contra a circulação dos veículos na Zona Sul.

O esquema foi montado no Leblon por motoristas que tentavam continuar transportando os passageiros. Um deles foi flagrado chamando pessoas em um ponto de ônibus para embarcarem numa van descaracterizada estacionada próximo ao ponto.

A ação acontecia na Rua Cupertino Durão e foi descoberta pelo delegado Cláudio Ferraz, coordenador das operações, e flagrada pelo serviço Reservado da PM, que auxilia a coordenadoria nas operações.

O motorista foi preso e autuado na 14ª DP (Leblon) por exercício ilegal da profissão. Quarta-feira, em mais uma operação de fiscalização da coordenadoria, 33 veículos — 31 vans e Kombis, um ônibus e um táxi — foram apreendidos. As operações aconteceram nos bairros de Copacabana, Leopoldina, Bangu e Santa Cruz.

Após a proibição de circulação de vans na Zona Sul o Rio Ônibus aumentou a frota das linhas que atuam na área. A determinação começou a valer na segunda-feira quando a o número de coletivos aumentou em 30%.

Segundo levantamento do Rio Ônibus, as principais demandas foram em linhas que ligam a Zona Sul a outras regiões, como Leopoldina e São Cristóvão e na área da Rocinha, onde vans estão autorizadas a circular. As 130 linhas de ônibus da região afetada pela medida atendem a15,5 milhões de passageiros por mês.