Rio -  Os amantes da dança já podem perder o medo de passar a noite toda sentados na cadeira, olhando casais rodopiando pelo salão. Contratar um personal dancer é a nova opção para garantir o “dois prá lá, dois prá cá” nos bailes da vida e se divertir como nos tempos dos embalos de sábado à noite.
Especialista no assunto, o professor de dança e pesquisador Luís Florião explica: “O personal dancer sai com a dama e se dedica só a ela. É um dançarino de aluguel,exclusivo”, define ele, que, como todos os frequentadores de bailes e afins, usam com naturalidade as expressões “dama” e “cavalheiro”.
O personal dancer Adriano Monteiro com Danielle, uma de sua clientes. Ele garante profissionalismo total: muitos passos, mas sem paqueras | Foto: André Mourão / Agência O Dia
O personal dancer Adriano Monteiro com Danielle, uma de sua clientes. Ele garante profissionalismo total: muitos passos, mas sem paqueras | Foto: André Mourão / Agência O Dia
A profissão pode parecer nova, mas existe desde o início do século 19. “Naquela época, poucas moças de família podiam dançar nos clubes. Por isso, os responsáveis pelos salões contratavam mulheres para dançar com os homens nas ocasiões sociais”, diz o professor. Como o mundo dá voltas, tal qual um bailado, agora são as moças modernas que se veem sem companhia.
A advogada Vanessa Mendonça, de 34 anos, não espera mais convite. Leva seu personal dancer a tiracolo quando sai para badalar. “Conheci ele na academia de dança que frequento. Nos bailes, há poucos rapazes”, conta Vanessa , que está noiva e garante que o futuro marido, que não gosta de bailar, não tem ciúme.
“Ele sabe que o ambiente é diferente de uma boate. Nos bailes não tem aquela paquera agressiva, o pessoal vai mesmo para dançar”, esclarece a moça, que está aprendendo passos em casas noturnas em Copacabana e na Lapa. “Tem mais gente jovem”, destaca Vanessa, que acha mais seguro dançar com o personal do que com um estranho.
Jeitosos com as parceiras de dança, mestres como Paulo Henrique Alves dão um baile | Foto: André Mourão / Agência O Dia
Jeitosos com as parceiras de dança, mestres como Paulo Henrique Alves dão um baile | Foto: André Mourão / Agência O Dia
Há dois anos tirando as moças para dançar, o personal dancer Adriano Monteiro diz que faz de tudo um pouco. “Às vezes a gente mais conversa do que dança”, diz o rapaz de 25 anos, que garante que não tem paquera com as alunas. “É profissional”, afirma o dançarino, que arrisca uma promessa. “Quem contrata um personal dancer, vai dançar muito. É garantido”.
Oportunidadede eventos até no exterior
O mercado para dançarinos de aluguel é promissor. Especialmente para os homens. Florião aponta que, para cada 50 personal dancers, só existe uma mulher na função.
“A demanda de homens é muito maior”, pontua. Mas, quem pensa que qualquer pé de valsa pode se aventurar a cobrar os R$ 150 por cerca de quatro horas de serviço, está enganado. “O mercado está exigente. Tem dançarinos que falam inglês, são pós-graduados, e até vão ao exterior para participar de eventos com suas contratantes”, garante Florião, que vê as mulheres mais novas cada vez mais interessadas. “Elas já são 20% do mercado”, conclui.