Rio -  Eugênio Ibiapino, 50 ANOS, é um dos coordenadores da Parada Gay de Nova Iguaçu, que este ano, em outubro, terá a 10ª edição. Militante da defesa dos direitos dos homossexuais na Baixada, ele alerta que a violência e o preconceito continuam sendo barreiras a serem vencidas pela sociedade. “A cada dia, um homossexual é morto no país. Na Baixada, não é diferente”.
Confira a entrevista que O DIA fez com Eugênio Ibiapino:
Eugênio Ibiapino, coordenador da Parada Gay de Nova Iguaçu | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Eugênio Ibiapino, coordenador da Parada Gay de Nova Iguaçu | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Você preside o grupo 28 de Junho, de defesa dos direitos homossexuais na Baixada. Qual o maior desafio a ser enfrentado pelo movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros)?
Continua a ser a violência. No governo Lula, um homossexual era assassinado no país a cada dois dias. Hoje, no governo Dilma o índice passou de um crime por dia. Na noite de 30 de março, um homossexual foi baleado na saída de uma boate na Rua da Lama (próximo à Rua Cacequi, no Baixo Iguaçu), em Nova Iguaçu. Um grupo em um carro passou atirando a esmo. O caso foi registrado na delegacia, mas a polícia não fez nada.
Defendemos a implantação imediata do centro de referência dos homossexuais. Em Duque de Caxias, já existe um. Em Nova Iguaçu, a criação do centro serviria para atender pessoas de Nova Iguaçu e dos municípios vizinhos. Faço esse apelo para o secretário estadual de Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, que é de Queimados. Por favor, crie este centro.
E qual a importância do Centro de Referência?
Podemos atender às vítimas de violência, dar aconselhamento psicológico, orientação jurídica. Você sabia que há muitos casos de meninas homossexuais que estão saindo da escola porque estão sendo vítimas de preconceito e de violência de outras meninas. Precisamos dar um basta a essa intolerância.
A iniciativa faz parte do programa do governo federal Brasil sem Homofobia, lançado em 2004. Mas a estatística, que era de um homossexual assassinado a cada dois dias aumentou. Hoje, o índice registrado é de pelo menos um homossexual assassinado a cada dia no país.
Como estão os preparativos para a 10ª edição da Parada Gay de Nova Iguaçu?
O grupo 28 de Junho é um dos organizadores, junto com a Aganim. A parada será em outubro, no Aeroclube. Para comemorar a 10ª edição do evento, faremos também uma grande ação social, além da realização de shows.
A parada tem um clima festivo, mas o objetivo principal é a luta contra a violência e o preconceito aos gays. Mas, antes disso, em junho, vamos comemorar a Semana da Diversidade LGBT, com exibição de filmes com tema sobre homossexualidade, palestras e várias outras atividades.
O que você acha da atuação do Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados?
É um absurdo. Faremos um ato contra a atitude homofóbica dele, no dia 17 de maio, às 18h, na Praça Rui Barbosa, no Centro de Nova Iguaçu.