Pernambuco -  Na primeira direção de seus mais de 50 anos de carreira, José Wilker sentiu o gosto do poder. No longa ‘Giovanni Improtta’, exibido na 17ª edição do festival Cine PE, o ator trabalhou dobrado na frente e atrás das câmeras. “A experiência de ser diretor foi ótima! Ninguém mandava em mim. Eu dizia: ‘Pendura aquilo ali’, aí me perguntavam o motivo e eu respondia: ‘Sei lá!’”, diverte-se José Wilker, que é completado pela produtora Renata de Almeida Magalhães: “Diretor brinca de ser Deus e a produção faz de tudo para que ele se sinta assim”. Wilker morre de rir e conclui: “Percebi que o filme tinha acabado quando estendi a mão com um copo de café e ninguém pegou para mim”.
Ator fala sobre longa | Foto: Divulgação
Ator fala sobre longa | Foto: Divulgação
Com estreia no circuito comercial prevista para 17 de maio, o personagem nasceu do livro ‘Prendam Giovanni Improtta’, de Aguinaldo Silva, que teve sua versão para a TV na novela ‘Senhora do Destino’ (2004) e agora ressurge no cinema, como um novo marco na carreira artística de Wilker. “Foi um desafio enlouquecedor e divertido estar na frente e atrás das câmeras ao mesmo tempo”, revela ele, que, apesar de ter adorado se arriscar na direção cinematográfica, não tem pretensão de investir nesta carreira. “Minha vida é uma sucessão de acasos. Dirigir agora foi acidental, porque minha ideia inicial era que o Cacá (Diegues) fizesse isso, mas ele e a Renata (de Almeida Magalhães) acharam melhor que eu mesmo dirigisse”, conta o ator.
Com as mesmas extravagantes gravatas borboletas e tiradas como “esse jornal está me defumando” e “eu se esqueci de uma coisa que eu não lembrei”, o bicheiro protagoniza o longa-metragem, com roteiro escrito pela filha de Wilker, Mariana Vielmond, em que decide ascender socialmente e entrar para a legalidade. “Minha intenção não era ser engraçado, mas contar a história de uma figura típica do Rio de Janeiro”, define.
“A gênese do Giovanni é assim: na época de ‘Senhora do Destino’, eu tinha prometido ao diretor da novela (Wolf Maya) que ia estudar os textos, mas estava muito ocupado e não li nada. No caminho do Projac, fiquei pensando no que dizer, cheguei e contei que havia feito uma longa pesquisa e que o personagem falava usando muitos pronomes”, recorda-se Wilker que, ao chegar em casa, achou a própria história ridícula e decidiu contar a verdade para o diretor. “Mas ele disse que o autor tinha adorado, aí caí nessa cilada!”, diz aos risos.
Não só Aguinaldo Silva adorou, mas o personagem caiu no gosto do povo. “As pessoas me paravam na rua para dar sugestões, elas tinham incorporado o Giovanni”, orgulha-se. Já para a versão cinematográfica do contraventor, Wilker foi bem exigente no que diz respeito ao elenco. “O cara tem que ser muito bom, mesmo que entre em cena apenas para dizer ‘bom dia’”. Para isso, ele escalou nomes como Andrea Beltrão, André Mattos, Gregório Duvivier, Milton Gonçalves, Othon Bastos, Hugo Carvana e Jô Soares.
Pérolas do bicheiro
“Tira o ‘cabacinho’ do meu suco, por favor? Detesto ‘cabaço’ na minha boca”
“Esse é um assunto de extrema ‘gravidez’”
“Vou ganhar título de cidadão ‘olorífico’”
“É melhor presumir do que remediar”
“Enterro sem samba seria funerário”
“É a Lei de ‘Smurf’”