Rio -  Fofura pouca é bobagem. Se a Coreia do Norte está em pé de guerra, a Coreia do Sul bombardeia o mundo com uma onda de novos artistas, com danças criativas, visuais coloridos e refrões grudentos. Música e apelo visual, unidos, geram o K-pop (korean pop, ou pop coreano). E se seu filho(a) ou irmã(o) ainda não embarcou na onda do K-pop, prepare-se. Além dos hits ‘Gangnam Style’ e ‘Gentleman’, do Psy, que você já conhece, tem mais. São bandas como a numerosa (nove caras!) boy band sul-coreana Super Junior, que toca hoje no Credicard Hall, em São Paulo. E que já vai receber uma boa leva de fãs cariocas que conheceram suas músicas pela internet.
Uma turma bem animada já partiu da Tijuca: a cantora Nathalia Breschnik, a Nanah, 15 anos, está contando os minutos para assistir logo à banda com as amigas Carina Moura, 15, e Natália Duarte, 17. O amigo João Pedro Reis, 16, não vai poder ir dessa vez, mas está na torcida para aparecerem mais shows. “Conheci esse tipo de som num blog que postou ‘Gee’, do Girls’ Generation (uma girl band de K-pop) e fiquei fã das danças e das músicas”, diz Nanah.
Fãs mostram foto de banda | Foto: Divulgação
Fãs mostram foto de banda | Foto: Divulgação
Para ela e para os outros E.L.Fs brasileiros (abreviatura de ‘everlasting friends’ — amigos para sempre —, como os fãs do Super Junior tratam-se uns aos outros), vai ser uma rara chance de ver a banda com o vocalista Yesung, que vai servir o exército sul-coreano. “Ele é meu bias!”, afirma. Opa, bias? Como assim? “Isso, bias é quem você mais admira do grupo”, explica. Leeteuk, também do Super Junior, por exemplo, já está na caserna e não vem para o Brasil.
Febre na internet
Nanah faz parte da dupla pop Nanah & Massa (com o amigo compositor Daniel Massa), que pôs recentemente na web o clipe da música ‘Mapa Do Seu Coração’. Fã do universo de animes e mangás, ela já está aprendendo japonês, quer fazer aulas de coreano e vive descobrindo grupos novos. Ama Super Junior, mas a paixão do momento é a boy band Shinee.
Grupo encanta fãs | Foto: Divulgação
Grupo encanta fãs | Foto: Divulgação
“Se o show fosse deles, eu ia estar num estado de choque tão grande que nem iria conseguir me mover na plateia!”, brinca ela, que já teve com a xará Natália um grupo cover de K-pop, Won6s. As garotas se apresentavam em eventos de animes, onde muitos fãs do gênero se encontram. Quem não pôde ir até São Paulo ver o show, por sinal, já tem programa para hoje. Das 11h às 19h rola encontro Anime Wings no Instituto Metodista Bennett (Rua Marquês de Abrantes, 55, Flamengo).
Além de ‘Gentleman’, a polêmica música de Psy (veja coordenada), e de toda uma batelada de grupos novos, a atual onda dos fãs de K-pop é a ‘Gwiyomi Song’, canção do animado cantor Hari, cuja performance é cheia de gestos fofos. ‘Gwiyomi’ significa gracinha, fofura em coreano. Os fãs da música jogam o ‘Gwiyomi Player’, jogo em que a pessoa faz alguma uma gracinha, uma dança, uma careta. “Os internautas criam vídeos e postam na internet com suas próprias performances”, diz Victor H. da Silva, redator do portal K-pop Brasil. “Além de conquistar os ouvidos, o segredo é executar uma performance com muito estilo ao som da música”, ensina Victor.
Fãs do gênero coreano que honram suas calças coloridas decoram as coreografias, aprendem as músicas seja lá em que língua forem cantadas (o Super Junior canta em inglês, coreano e chinês) e ainda gastam uma graninha com pôsteres, CDs, DVDs, bonecos (alguns guardados com todo o carinho do mundo e nunca retirados da caixa) e outros apetrechos. Entre as lojas virtuais mais conhecidas estão as brasileiras Dream High e Mise Asiamore Brasil. Tem também a To February, loja americana especializada em moda e memorabília K-pop.
Grupo faz sucesso pelo mundo | Foto: Divulgação
Grupo faz sucesso pelo mundo | Foto: Divulgação
“A gente compra também no eBay. Os CDs vêm com surpresas, pôsteres!”, alegra-se Carina. O ator Renan Cuisse, o Jonas Palilo da novela ‘Carrossel’ (SBT), é outro que adora a onda k-pop. “Gosto muito da coreografia de ‘Gangnam Style’ e das músicas coreanas. Adoraria conhecer o Psy um dia!”, afirma Jonas.
Eles querem o seu carinho
Vida de astro do K-pop não é fácil. Comendo pelas beiradas, o estilo já dá prosseguimento ao seu plano de dominação mundial — é só conferir a febre de ‘Gangnam Style’. Pelo comando da máquina de hits sul-coreana, brigam três empresas de entretenimento, cujos nomes são siglas: JYP, SM e YG — esta, o gigante por trás do sucesso de Psy. Para atender à demanda, crianças e adolescentes passam por treinamentos que incluem aulas de inglês, dança, assessoria de mídia e um estilo de vida igual ao das modelos iniciantes, com milhares de trainees do pop vivendo em repúblicas, à espera do estrelato. Para a organização de turnês fora do país, os grupos ganham o auxílio de consulados e embaixadas.
Além do Super Junior e do nomão Psy, tem mais nomes dividindo a atenção dos jovens sul-coreanos e arranhando as portas do mercado internacional. Uma das mais promissoras é o Shinee, uma boy band que divide-se entre shows, discos e filmes. O formato girl group também é bastante comum, ainda mais numa cultura de entretenimento tão cercada de fofura. Belas e estilosas meninas sul-coreanas estão em grupos como Girls’ Generation, Wonder Girls e o 2NE1. Tem também uma cantora de nome curioso, BoA, que começou a carreira ao mesmo tempo que Psy, na década passada, e já gravou em coreano, inglês e japonês.
K-Pop muito engraçadinho
Se Psy fosse carioca, com certeza teríamos o ‘Barra Style’ ou o ‘Leblon Style’. Isso porque ‘Gangnam Style’, seu primeiro hit, refere-se ao distrito de Gangnam, região nobre da capital da Coreia do Sul, Seul. Se o clipe divertia os fãs com a animada ‘dança do cavalo’, ‘Gentleman’, o novo vídeo — que já teve mais de cem mil visualizações — não fica atrás em matéria de molecagem. 
Psy é visto fazendo uma coreografia sensual-engraçada e agindo de forma completamente diferente do que se esperaria de um ‘cavalheiro’ (o título da música, em português): se lambuza com macarrão num jantar a dois, arranca biquínis de belas moças coreanas, finge puxar a cadeira para sua namorada se sentar e a derruba no chão. Deu problema: a cadeia de televisão pública sul-coreana NBS proibiu a exibição de ‘Gentleman’, alegando que é um mau exemplo para os jovens. Quem quis conferir os passinhos do clipe ao vivo, no entanto, viu: em uma apresentação pública em Seul, no começo do mês, o cantor ensinou a coreografia do hit para cerca de 50 mil pessoas.
Não é a primeira encrenca da vida de Psy. Bem antes de virar herói nacional e astro pop mundial, ele participou de shows de protesto contra os Estados Unidos. Por causa de um grave incidente ocorrido em junho de 2002 — um veículo militar dos EUA atropelou duas meninas sul-coreanas de 14 anos — ele destruiu um protótipo de tanque de guerra americano no palco. Dois anos depois, ao lado de outros artistas, entoou o hino de protesto ‘Dear America’, de cuja letra a alegria manteve distância: ‘Mate aqueles Yankees que torturam prisioneiros iraquianos/mate vagarosa e dolorosamente’. “Ele já se desculpou e disse se arrepender pelas duras palavras que utilizou na música, que poderiam ser entendidas como uma intimidação”, diz Victor, do portal KPopBrasil.