Rio -  Já são mais de 45 anos de carreira na música. Entre um disco e outro, Martinho da Vila, com a tranquilidade que lhe é peculiar, deixa as canções de lado para se dedicar a um outro ofício: a literatura. E já são 12 livros lançados. Hoje, ele apresenta o mais novo, ‘O Nascimento do Samba’ (ZFM Editorial, 44 págs., R$ 25). O lançamento, claro, será em uma animada roda de samba no bar Petisco da Vila (Boulervard 28 de Setembro 382, Vila Isabel), a partir das 19h.
Cantor lança livro | Foto: Márcio Mercante / Agência O Dia
Cantor lança livro | Foto: Márcio Mercante / Agência O Dia
“Muita gente que me conhece como cantor e compositor não sabe desse meu lado, de escritor. Acho que é porque os escritores, em geral, são menos conhecidos que os músicos”, avalia Martinho.
O bamba, humilde que só ele, não se importa com os holofotes. O que ele quer é contar a história do gênero musical que abraçou. Em ‘O Nascimento do Samba’, Martinho foca no público infanto-juvenil e utiliza uma família com um casal e três filhos para resgatar a origem do ritmo.
“O livro é bem divertido. Tem muita gente com idade a partir dos 10 anos que não conhece a história do samba. Aliás, os próprios adultos muitas vezes também não sabem da sua própria história, não é mesmo? Outro dia me perguntaram qual era o nome do meu bisavô, e eu não sabia... Escrevi de uma maneira nada didática, ficou bem divertido e vai agradar não só aos jovens, mas também aos adultos com alma jovem”, diverte-se Martinho.
O veterano de 75 anos tem motivos de sobra para comemorar: a sua Unidos de Vila Isabel faturou o Carnaval carioca com samba-enredo de sua autoria (com Arlindo Cruz, André Diniz, Tunico da Vila e Leonel); e ele é o homenageado do projeto ‘Sambabook’, com CD, shows, livro e DVD, que será lançado no dia 10 de maio. “Esse 2013 está uma maravilha! Adoro festa, por isso vou lançar o novo livro em um botequim, com um pagodinho”, comemora. 
Relançamento de álbum histórico
Acaba de ser relançado em CD, pelo selo Discobertas, o disco ‘Nem Todo Crioulo é Doido’, de 1968. Foi através desse álbum, que reúne Martinho e sambistas como Zuzuca e Cabana, que ele foi convidado a gravar seu primeiro disco.
“Fiz o disco para a Anália, mãe da Mart’nália e da Analimar, cantar. Mas ela começou a gravar e depois não quis mais, porque convenceram ela a fazer um disco sozinha. Eu gravei, então, as músicas que sobraram”, conta. “O Romeu Nunes, diretor artístico da RCA, ouviu isso, gostou da minha voz e mandou me contratar como cantor”.
O disco surgiu de um show em resposta ao escritor Sergio Porto. “Ele fez a música ‘Samba do Crioulo Doido’ falando mal dos compositores de samba-enredo. E ainda fez um show com o mesmo nome, racista demais! Aí fiz o show ‘Nem Todo Crioulo é Doido’ e depois, o disco”, diz.