Rio -  Diante do surgimento de novas tecnologias e suportes de comunicação, discutir o conceito de inovação na educação se faz cada vez mais necessário. Ao contrário do que muitos acreditam, inovação na sala de aula não é nem pode ser traduzida no uso de tecnologias nos processos de ensino-aprendizagem. Nos dias de hoje, as tecnologias garantem contribuição ímpar em todo o projeto escolar, mas por si só elas não podem ser vistas, entendidas ou compreendidas como sinônimo de inovação. Tal associação ainda vem sendo feita e vendida por muitas escolas para alunos, pais e responsáveis.
Professora-assistente do Departamento de Educação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Claudia Maria Lima coordenou recentemente pesquisa sobre o assunto em unidades escolares de municípios de São Paulo. Constatou que para boa parte das instituições “ter laboratórios de informática” já basta para se constituir numa ação inovadora, independentemente de eles mudarem “práticas de ensino arcaicas e acríticas”.
A conclusão do trabalho da professora é bem interessante. Associar as Tecnologias da Comunicação e da Informação (TICs) à inovação educacional traz o risco de se desconsiderar o papel do professor e de supervalorizar a tecnologia em detrimento do humano. Neste sentido, perde-se o verdadeiro conceito da inovação educacional, que consiste em propor novas formas mais significativas de ensino e aprendizagem com o objetivo de promover uma sociedade menos desigual e mais capaz, autônoma, responsável e solidária. Neste processo, a tecnologia ajuda, mas não é pré-requisito.
Se as políticas públicas investissem nesta inovação tanto quanto apostam na compra de equipamentos tecnológicos, muitas vezes sem nenhum planejamento e ou suporte, para escolas, professores e alunos, com certeza, novos e promissores horizontes se abririam.
Professor e jornalista especializado em Educação e Mídia