Rio -  O número de transplantes de córnea, no Brasil, cresceu  20% entre 2010 e 2012. O registro subiu de 12.788, em 2010, para 15.281 no ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. A principal causa deste aumento é a falta de prevenção ao ceratocone, doença ocular responsável por 70% deste tipo de cirurgiano país.
Oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto explica que, no Brasil, o problema é mais recorrente devido ao diagnóstico tardio, que gera agravamento da doença. Em países como os Estados Unidos, o ceratocone responde por apenas 15% dos transplantes.
Mais transplantes de córnea no Brasil | Foto: Reprodução
Mais transplantes de córnea no Brasil | Foto: Reprodução
Segundo Leôncio, as causas da doença ainda são desconhecidas, mas há relação com alergias, que se tornam mais frequentes no outono, devido ao clima seco. “O ceratocone afina e deforma a córnea, por isso pessoas que coçam o olho em excesso estão mais propensas a desenvolverem a doença, já que o hábito enfraquece as fibras de colágeno da córnea”, disse.
No Brasil, o mal afeta cerca de 200 mil pessoas. Para 30% delas, o caso não é resolvido com uso de óculos, lente de contato ou um anel que é implantado para consertar o formato da córnea.
“É este grupo que vai para a fila de transplante por falta de alternativa para corrigir a visão” , explica.
Ainda segundo o especialista, o ceratocone vem acompanhado de astigmatismo e de sintomas como mudança frequente na prescrição dos óculos, fotofobia, aumento da fadiga ocular e irritação nos olhos.
Para aliviar a coceira, é recomendada a aplicação de compressas de água fria sobre os olhos. O uso de de colírio antialérgico só deve ser feito com supervisão de um oftalmologista. Uma boa atitude é o consumo de alimentos com ômega 3 (peixes) para melhorar a produção da lágrima.
Terapia reduz avanço da doença
Em 2010, foi aprovada no país uma técnica chamada crosslink, responsável por interromper a evolução do ceratocone. O procedimento consiste na aplicação de vitamina B2 associada à radiação ultravioleta para reorganizar as fibras de colágeno e fortalecê-las.
“O crosslink aumenta em trêz vezes a resistência da região mas não deve ser aplicado em córneas muito finas, para não embaçar a visão”, diz o Leôncio.
Cada procedimento custa, em média R$ 3 mil, e ainda não está disponível na rede pública.
Entre as causas que levam ao transplante está úlcera de córnea, causa de 25% das cirurgias, mas trata-se de uma doença evitável. De acordo com Leôncio, a doença está relacionada ao uso de lente de contato mal higienizada.
“A lente contaminada por fungo ou bactéria é a causa da doença. Quando entra em contato com os olhos, gera a úlcera”, cita.
Reportagem de Beatriz Salomão