Rio -  A frase escrita na entrada do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste, ‘Ressocializar para o futuro conquistar’, contrasta com a imagem de parentes e amigosdos detentos, que entram e saem dos presídios como se se estivessem passando por ‘filial do inferno’, e não por um centro de ressocialização, como a frase sugere.
Esta realidade, porém, pode mudar para pelo menos 92 detentas do Presídio Nelson Hungria e da Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, que receberam nesta segunda-feira diplomas do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
“Estamos muito felizes com o resultado deste projeto, o Liberdade Qualificada. Formamos detentas em cursos com empregabilidade imediata, que permitirá a elas uma nova perspectiva quando estiverem livres”, explica Ana Paula Nunes, gerente de Responsabilidade Social do Senac, que vai estender o programa para outros 500 detentos de Bangu 2 e Bangu 4 a partir do mês que vem.
Os primeiros cursos oferecidos foram os de Garçonete e Estoque e Armazenagem: ressocialização em jogo | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Os primeiros cursos oferecidos foram os de Garçonete e Estoque e Armazenagem: ressocialização em jogo | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Os primeiros cursos oferecidos foram os de Garçonete e Estoque e Armazenagem. Os próximos serão de Auxiliar de Pessoal, Atendente de Vendas, Cabeleireiro, Maquiagem e Pizzaiolo.
“O dever da nossa secretaria é o de ressocializar o preso. E é isso o que estamos tentando fazer com esta parceria com o Senac. É um trabalho extraordinário”, comemorou o coronel Antônio Camilo Branco de Faria, subsecretário de Administração Penitenciária.
Expectativa muda atrás das grades
Para Ana Paula Buenaga Pacheco, condenada a 28 anos e meio de prisão e esperando julgamento de recurso para redução de pena, o projeto veio em ótima hora.
“Trabalhava com radiologia antes da prisão e nunca imaginei ser garçonete. Só de poder aprender um ofício já cria expectativa diferente”. Fabiana Barcelos de Souza, de 29 anos, passou os últimos 20 meses no Nelson Hungria sem perspectivas. Recém-formada no curso de Estoque e Armazenagem, sonha com uma vida nova fora dali. “Vai ser mais fácil se reintegrar à sociedade”.