Rio -  Sete horas da manhã, o interfone tocou com o porteiro avisando que a moça da limpeza estava na portaria. Pedi que subisse. Abri a porta e ela estava com um sorriso que não cabia no rosto. Era a Jaqueline. Uma mulata forte, de sorriso branco puro e coraçãosem igual. Ela me lembrou a Suely, que trabalha na agência da qual fui sócia por cinco anos. Responsável por deixar a casa limpa e cheirosa, e a comida, deliciosa, ela é como Jaqueline: vive sorrindo. Um dia perguntei como conseguia só sorrir. Sem ensaiar, ela disse: “Tudo fica mais fácil quando a gente sorri!” Ela está certíssima!
Comentei com Jaqueline que ela me lembrava Suely por conta do constante sorriso estampado no rosto. “Na vida temos momento para tudo: pra rir, pra chorar... Mas, como Jesus mesmo disse, ‘a tristeza dura uma noite só; no dia seguinte a vida é outra e tudo será melhor’”. Ela, Jaqueline, está certíssima também! Assim como Suely, Jaqueline já mora em meu coração.
A cada pessoa especial que eu cruzo, que conheço, que a vida me dá de presente, eu percebo que não é com o tempo que recebemos das pessoas os melhores ensinamentos, as melhores lições e os melhores momentos. É com a experiência compartilhada, é com a disposição que temos para ouvir o que o outro tem a dizer, é com a sinceridade que temos a oferecer, é com a porta aberta do coração. Isso tudo pode durar segundos, minutos e até uma eternidade.
Em meio a uma série de adaptações, consequências de escolhas e tomadas de decisões pessoais, me vi grata por um batalhão de gente em minha vida... desde os meus pais até pessoas especiais como Suely e Jaqueline, que me ensinam sem muito dizer, somente com seus largos, lindos e sinceros sorrisos.
Jornalista