Rio -  O Brasil ainda figura no ranking dos países campeões em acidentes de trabalho, dura realidade que precisa ser mudada. O recente desabamento de três vigas na obra da Arena Palestra, em São Paulo, é mais um exemplo da grave realidade, que levou à morte de um operário. Por se tratar de obra do Palmeiras, o caso ganhou repercussão nacional. Porém, milhares de trabalhadores sofrem o problema silenciosamente, invisíveis para a sociedade, sem seus nomes serem mencionados ou lembrados. São pessoas transformadas em estatística.
Apesar do empenho Tribunal Superior do Trabalho para reverter esse quadro, de acordo com o Ministério da Previdência Social cerca de 700 mil acidentes de trabalho são registrados, em média, a cada ano no país, sendo três mil fatais. Na prática, a estimativa é que esses números sejam ainda maiores, devido à subnotificação.
Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o número de feridos em acidentes de trabalho chega a 317 milhões por ano em todo o mundo, tendo média de mais de seis mil mortes diárias relacionadas com o trabalho.
No Brasil, a Constituição e a Consolidação das Leis do Trabalho definem o empregador como responsável pela integridade de seus empregados, enquanto cabe ao Estado o papel de fiscalizar. Mas isso não ocorre como deveria e os trabalhadores continuam frágeis.
Anteontem o mundo celebrou o Dia Internacional em Homenagem às Vítimas de Acidente e Doenças Relacionadas ao Trabalho, estabelecido pela OIT. O que se espera é que todos nós, sobretudo as autoridades, possamos refletir sobre a importância de se proteger o trabalhador brasileiro.
João Tancredo é advogado especializado em Responsa- bilidade Civil nos Acidentes de Trabalho