Rio -  No Rio de Janeiro, dizem, até ateu é devoto de São Jorge. Esta máxima, recorrentemente usamos nos nossos passeios dos Roteiros Geográficos do Rio, promovidos pela Uerj nas ruas da cidade. No dia da graça de 23 de abril, o Campo de Santana e seus arredores vivem o movimento mais intenso em função de um motivo religioso, a devoção a São Jorge.
Seu santuário encontra-se na confluência de dois pontos de grande frequência no Centro do Rio: o Campo de Santana e a Saara, tradicional centro de compras. A festa e a devoção, desde a alvorada, inundam de vermelho justo o Campo de Santana e de São Jorge Guerreiro e parte da Saara de toda gente. As barraquinhas, os santos, as camisetas, as oferendas se misturam no sincretismo afro-católico “Salve Jorge! Salve Ogum!”, nas cercanias e no interior da Igreja de Jorge Guerreiro.
Nosso Guerreiro tem seu templo junto ao famoso parque. Projetos estão na ordem do dia prometendo um novo Campo de Santana com reforço no policiamento, a ser empreendido pela Guarda Municipal, replantio e até o Café Glaziou, nome este reverenciando o paisagista promotor da fisionomia que este oásis hoje exibe entre animais (cutias, patos, gansos, marrecos), árvores frondosas, lagos e grutas artificiais, bem como alamedas na tentativa de repetir a natureza em sua exuberância.

Nossos votos são os de que Santana, avó de Jesus, e Jorge, o Santo Guerreiro, em meio a uma aura de respeito e devoção, inspirem o poder público, extirpem os males do dragão rumo a um parque a ser frequentado por todos os segmentos de renda e estratos sociais, afora pessoas de idades diversas para que o Campo de Santana prossiga ostentando sua beleza e seja palco de caminhadas, eventos e contemplação numa ciranda de paz e harmonia digna de uma Cidade Maravilhosa que bate os tambores a Ogum e reza para São Jorge Guerreiro.
Ivo Venerotti é professor colaborador dos Roteiros Geográficos do Rio, da Uerj