Índios julgam e condenam guerrilheiros das Farc acusados de matar líder indígena
Colômbia - A Associação dos Cabildos (líderes) Indígenas do Norte de Cauca (Acin), Sudoeste colombiano, condenou a 40 anos de prisão, dois guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) pela morte de um líder indígena da região. Na audiência ocorrida nesta segunda-feira, a Acin também condenou os dois guerilheiros ao "tronco" e ao castigo de chicotadas.
A Acin representa a etnia indígena Nasa, uma das mais populosas da Colômbia. De acordo com a associação, o líder morto havia denunciado ameaças de milícias das Farc ao governo colombiano e a organismos como a Cruz Vermelha do país, em busca de proteção. Segundo a associação, este ano quatro índios foram mortos por grupos armados que atuam na região. Além dos dois condenados, três guerrilheiros foram absolvidos e outro aguarda julgamento.
Em um comunicado, os nasas explicaram que os guerrilheiros foram capturados pela guarda indígena. O julgamento foi feito com base em normas internas da comunidade, observando o "direito próprio". Para aplicar as sanções aos guerrilheiros, os nasas se respaldaram no Convênio 69 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre povos indígenas e tribais em países independentes. O documento diz que os povos indígenas têm direito de conservar seus costumes e instituições próprias, adicionalmente aos direitos reconhecidos para toda a população.
O julgamento começou neste sábado e terminou na noite desta segunda-feira. Além da acusação da morte de Taquinas, a comunidade julgou os guerrilheiros pela morte de mais dois índios: Rafael Mauricio Girón (morto em janeiro) e Salatier Méndez (morto em dezembro).
O representante da Acin, Nestor Cristanchao, explicou que o julgamento ocorrido hoje é reconhecido pelo governo colombiano, porque a Constituição do país, de 1991, prevê a autonomia dos povos indígenas, conforme a ratificação do Convênio 69 da OIT.
"Existe um tramite a ser cumprido. Mas o julgamento que aplicamos tem valor para o Estado. Por isso, os guerrilheiros serão entregues ao governo colombiano e encaminhados ao sistema prisional do país", disse.
As informações são da Agência Brasil
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