Rio -  Pouco mais de três semanas após deixarem a Aldeia Maracanã , local em que será construído o Museu Olímpico, os 12 índios que estão alojados em Jacarepaguá, ainda não decidiram se vão escolher o local, um amplo terreno próximo ao Instituto Estadual de Dermatologia Sanitária, para sediar o novo Centro de Referências e Tradições Indígenas.
“Tomamos conhecimento de que a área teria sido reservada para o projeto Minha Casa,Minha Vida, do governo federal. Então, temos que aguardar para decidir direito”, diz Xamakiry Apurinã, um dos índios abrigados no local. As outras duas opções de terreno são na Zona Norte: um terreno em Bonsucesso e outro na Quinta da Boa Vista.
Foto: Bernardo Besouchet
Índios estão morando provisoriamente em Jacarepaguá, Zona Oeste | Foto: Bernardo Besouchet
Andrea Sepulveda, subsecretária de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos do Rio de Janeiro e responsável pelas negociações com os índios, afirma que, para dar andamento ao processo de construção do Centro de Referência basta exclusivamente o consenso dos índios.
“Assim que sinalizarem qual área será escolhida, passaremos para as reuniões que definirão as plantas, para a verificação do orçamento, para a licitação das obras e, por fim, ao processo de construção”.
Mas obter consenso entre os índios parece não ser uma tarefa muito simples. Quando ainda viviam na Aldeia Maracanã, a casa contava, de acordo com Dauapuri, um dos líderes da tribo, com 22 moradores fixos. Só que desses 22 moradores apenas 12 foram para Jacarepaguá.
Quartos para os índios foram improvisados dentro de contêineres | Foto: Bernardo Besouchet
Quartos para os índios foram improvisados dentro de contêineres | Foto: Bernardo Besouchet
Com a saída da Aldeia Maracanã o grupo se dividiu entre quem conversaria com o governo e buscaria soluções para a construção do Centro de Referência e os dissidentes, que se aliaram aos manifestantes e boicotam as negociações.
A posição estratégica da Aldeia Maracanã, próxima de áreas centrais do Rio de Janeiro, fazia com que os índios pudesescoar sua produção artesanal de maneira fácil, de acordo com o índio Dauapuri.
Isso fez com que índios requisitassem, também, um espaço em uma região mais central. Em Jacarepaguá, a estrutura oferecida aos indígenas inclui contêineres para os quartos, banheiros e cozinha.
Os casais têm seus quartos separados e os demais ficam em um quarto coletivo – com exceção ao cacique Tukano, que tem um quarto só para si.

Reportagem de Bernardo Besouchet, do iG Rio