Rio -  Forças de segurança ocuparam, na manhã desta segunda-feira, as comunidades do Cerro-Corá, Guararapes e Vila Cândido, no Cosme Velho, na Zona Sul, para a implantação da 33ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
A ocupação contou com 420 homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Choque (BPChoque) e do Batalhão de Ações com Cães (BAC), do Grupamento Aéreo e Marítimo (GAM) e policiais do 1º Comando de Policiamento de Área da Polícia Militar. A 33ª UPP Cerro-Corá contará com 190 homens.
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
A ocupação começou às 5h e levou cerca de 30 minutos. Não houve troca de tiros e ninguém foi preso.
Uma unidade móvel do Instituto Félix Pacheco está baseada próxima à comunidade para realizar a identificação biométrica e facilitar a identificação de possíveis criminosos. A Polícia Civil disponibilizou ainda um ônibus itinerante da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam). Apreensões e suspeitos detidos serão encaminhados à 9ª DP (Catete).
Cercada de pontos turísticos, a retomada desses territórios, além de devolver a paz aos moradores e visitantes, trará ainda uma diminuição gradual no número de roubos a transeunte e roubos de veículo. Foi identificado ainda que com a pacificação em outras regiões da Zona Sul, criminosos responsáveis por esses crimes buscavam refúgio na comunidade do Cerro-Corá.
Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
De acordo com o Instituto Pereira Passos (com base no censo do IBGE de 2010), 2.803 mil pessoas vivem nessas comunidades e serão beneficiadas diretamente com a implantação da 33ª UPP.
Colaboração dos moradores
A Secretaria de Segurança solicita a colaboração dos moradores dessas comunidades na denúncia de criminosos, esconderijos e locais onde possam estar guardadas armas, drogas, objetos roubados e outros produtos ilegais. Os moradores podem ligar para o Disque-Denúncia, 2253-1177, ou para o 190 da Polícia Militar.
Todos os moradores devem andar com documentos de identificação e os motoristas e motociclistas serão solicitados a mostrar documentos de propriedade de seus veículos, bem como a Carteira Nacional de Habilitação em dia. No caso das motos, também será exigido o uso de capacete.
Eventuais problemas de conduta dos policiais podem ser informados pelo telefone da Ouvidoria da Polícia (tel. 21 3399-1199 ou ouvidoriadapolicia@proderj.rj.gov.br) e da Corregedoria da Polícia Militar (tel. 2332-2341, Delegacia de Policia Judiciária Militar do Méier). O Batalhão de Choque e o Bope solicitam que sejam feitas denúncias de locais com drogas, armas ou criminosos pelos telefones de pronta-resposta 2332-8486(BPChoque) e 2334-3983 (Bope).
 
Bairro tem histórico de roubos a residências
A pacificação do Cerro-Corá pode representar a redução dos roubos a pedestres e residências no Cosme Velho, problema recorrente no bairro. No dia 8 de março, por exemplo, o psicoterapeuta Alex Faustino da Silva, 56 anos, foi baleado e morto após reagir a um assalto para defender a enteada. Era a sétima vez que a casa era assaltada.
Bando assaltou a casa do pai de Marcos Palmeira, no Cosme Velho, em 2006 | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Bando assaltou a casa do pai de Marcos Palmeira, no Cosme Velho, em 2006 | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Em 2010, um casal de holandeses foi assaltado no bairro, enquanto passeava pela estrada do Ascurra. Armado, o bandido levou bolsa e dinheiro dos turistas.
No final desse mesmo ano, sete pessoas, entre elas o cineasta Paulo Thiago Ferreira Paes de Oliveira, 63, e a produtora de cinema Gláucia Camargos, 60, foram feitos reféns durante invasão à residência da produtora. O assalto durou cerca de três horas e todos foram ameaçados de morte pelos criminosos, que fugiram com celulares, aparelho de som e joias em carro.
Em 2006, o ator Marcos Palmeira e seu pai, o cineasta Zelito Viana, ficaram durante três horas em poder de bandidos que invadiram a casa onde Viana mora, no bairro. Os assaltantes amarraram pai e filho e levaram carro, celulares, relógios, bijuterias, cerca de R$ 200 e um quadro autografado do fotógrafo Sebastião Salgado.
Cerro-Corá furou a fila e passou a frente da Maré no plano das UPPs
Após a pacificação do Cerro-Corá, a Secretaria de Segurança Pública retoma o planejamento original de instalação de UPPs nas 15 favelas do Complexo da Maré. O processo de pacificação da região deve começar na segunda quinzena de agosto e deve se estender até o ano que vem.
As últimas ocupação das unidades de polícia pacificadora foram, em março, nas comunidades do Caju e da Barreira do Vasco, em São Cristóvão, como parte da estratégia de retomada do Complexo da Maré.
O processo de ocupação de toda a comunidade, situada às margens da Baía da Guanabara e localizadas entre as três principais vias de acesso ao Rio — Linhas Amarela, Vermelha e Avenida Brasil _deverá ser feito por partes, sendo ocupada uma de cada vez.
Depois do Complexo do Alemão, a Maré é um dos maiores desafios para as forças de segurança. O território onde vivem cerca de 130 mil moradores é dominado por três facções, sendo duas de traficantes e uma de milicianos. Dez favelas estão nas mãos do Comando Vermelho. O complexo é um dos maiores fornecedores de crack.