Rio -  No dia 13 de abril de 1964, o Comunicado 6, assinado pelo ‘Comando Supremo da Revolução’, afastou 36 funcionários da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Deixaram o ar imediatamente Ghiaroni, Mário Lago e Dias Gomes, entre outros. Na época, os denunciantes pretendiam “limpar a Rádio do perigo comunista”.
A radicalização contra os profissionais — e, consequentemente, contra a programação — deu início ao longo e agonizante declínio vivido pela rádio. De joia da Coroa — incorporada ao patrimônio da União em 1940 —, a Nacional começou a ser vista como um estorvo. Passou anos sem investimento e viu seu FM ser privatizado.
Só em 2004, por iniciativa da Radiobrás, a Nacional reinaugurou o famoso auditório, onde cantaram Cauby, Marlene, Emilinha, Luiz Gonzaga e tantos outros. E a partir de 2007, sob administração da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), viu os investimentos voltarem.
Mas não basta garantir o futuro, é fundamental recuperar e preservar a história. O prédio da Praça Mauá, primeiro arranha-céu do Brasil, precisa resgatar sua importância — e de reformas urgentes — já que está no centro da área do Porto Maravilha. Por isso, há um ano a EBC retomou o processo para dar ao A Noite o reconhecimento de Patrimônio Histórico Nacional.
E foi atendida. Em 3 de abril, o Iphan aprovou o tombamento do prédio, tornando mais viável a recuperação do imóvel. Estão postas as condições para que o Templo do Rádio volte a ser a referência que era antes do golpe — que, também para a Nacional, foi muito duro.
Dos afastados de 64, o radioator Gerdal dos Santos é o único que permanece na Nacional. Terminadas as reformas, ele vai voltar à Praça Mauá. Aos estúdios históricos e também ao espaço de memória e vivência que esperamos montar. Ele e todos os que fazem e fizeram da Nacional um dos maiores veículos de comunicação do país.
Eduardo Castro é diretor-geral da Empresa Brasil de Comunicação