Rio -  Criada pela avó comendo muito (só) pão e doce na infância, a apresentadora de TV e empresária Penélope Nova passou a vida toda fazendo exercício sem descanso. Mas a “pança persistente” incomodava na escolha do figurino. “Vou para a academia desde os 13 anos e malhar nunca foi sacrifício. Só que até pouco tempo – antes de fazer 30 – não tinha os músculos que desejava e a carta branca para vestir um top e exibir a barriga”, lembra ela, hoje com 39 anos.
O corpo ela transformou, mas a balança continua com os ponteiros na mesma marca dos 62 quilos. Já o reflexo no espelho... muita diferença. A transformação de massa gorda em puro músculo (a atual taxa de gordura é de apenas 13%) foi lenta e só ocorreu, conta Penélope, depois que ela aprendeu duas coisas: “fórmula mágica e dieta da moda são mentiras deslavadas que atrapalham o processo.”
Penélope Nova antes e depois de mudar o corpo | Foto: Reprodução IG
Penélope Nova antes e depois de mudar o corpo | Foto: Reprodução IG
“Sempre fui muito obediente e determinada. Bastava ler sobre um novo regime para seguir tudo à risca”, conta. “Comprometia a minha saúde e vivia os altos e baixos típicos do efeito-sanfona (processo caracterizado pela alternância entre emagrecer e voltar a engordar).O propósito era mudar o corpo e também ganhar qualidade na nutrição. O paladar, que não suportava legumes e verduras, hoje rejeita sabores gordurosos. Se como queijo derretido em excesso, meu fígado entra em colapso. Passo mal mesmo. Quem diria”, diz ela.
Metas e formas
Penélope afirma que sempre teve como meta as formas atléticas e correu atrás de informações verdadeiras para conseguí-las. “Também busquei ajuda de profissionais competentes, nutricionistas, educadores físicos e muita literatura científica para não cair em ciladas”, diz.
Ela gosta de bater na tecla de que o modelo “barriga chapada e perna musculosa” é um gosto pessoal. “É a minha praia. Gosto de ser assim mais do que de comer brigadeiro”, compara. “Mas esse é o meu jeito e cada um pode escolher como gosta de ser. Só que também estava incomodada com as informações erradas divulgadas sobre definir musculatura emagrecer”.
“Quem escolhia este caminho era enganado pela falsidade das fotos de modelos todas trabalhadas no Photoshop (programa de computador que manipula imagens), pelas dietas de fome ou por aqueles controles alimentares que priorizam um tipo de nutriente e fazem da proteína a salvação para todos os males", pontua. "Por experiência própria, sei que elas não funcionam.”
Blog, Facebook e ciência
O mantra "comer de três em três horas e levar marmita para todos os lugares" (preferencialmente composta por batata-doce, pipoca e carnes magras) virou rotina. Outro hábito adquirido é sempre comer antes de sair para jantar ou para festas. Ela também aprendeu a dizer ‘não obrigada’ para as bandejas que circulam nos eventos.
A necessidade de aprender a cozinhar "para ter certeza do que estava comendo" é outro capítulo da transformação corporal. Penélope não só focou na academia como nos livros e nos artigos científicos. Resolveu dividir a experiência, sem mentiras, no blog Acredita, Bonita! .
De cara, já diz que quem quer emagrecer e mudar o corpo precisa procurar um nutricionista (ela se nega a oferecer cardápios pois “cada um tem o seu metabolismo”). Escreve também que para emagrecer é preciso esquecer a balança (suas fotos de antes e depois com o mesmo peso são autoexplicativas) e acrescenta ainda, recorrendo aos princípios da neurociência, que ficar sem comer engorda tanto quanto comer errado.
Ela, com aval especializado, segue modelos de dietas mais “punk-rock” de tempos em tempos e também faz uso de suplementos, sempre com supervisão clínica já que sua rotina é típica de atletas de alta performance. “Mas isso é para mim. No blog, eu só divido informações que são universais, como os efeitos bons e ruins do colesterol”, diz. “Também falo de outros segredinhos como a recém-descoberta do pole dance com a professora Renata Wilke. É uma maravilha para definir a barriga”.
Machismo
Depois dos músculos conquistados, Penélope Nova diz que ainda paga o preço da cobrança do olhar dos outros. Na avaliação dela, a patrulha contra os músculos no ser feminino em nada difere da pressão perigosa feita em prol da ditadura da magreza. “A ditadura que impõe só a magreza como sinônimo de beleza ainda existe e é muito cruel. Sempre rejeitei este estereótipo machista que extirpa as curvas e determina que ou você é magra demais ou não é bela”, afirma.
“Ultimamente, tenho ficado muito cansada com uma outra ditadura muito parecida. Um monte de gente que agride por ser contra as mulheres que exibem corpos atléticos. Como se isso fosse uma afronta à feminilidade”, esbraveja. “Eu gosto de trabalhar a força. Acho que a força pode ser feminina sim”, diz. “Também é machismo dizer que mulher não pode ser musculosa.”
As informações são de Fernanda Aranda, do IG