Rio -  Na manhã desta segunda-feira, primeiro dia de proibição da circulação de vans em 11 bairros da Zona Sul, ônibus e metrô ficaram lotados. A CET-Rio, com apoio do batalhão de Choque da PM montou 24 pontos de fiscalização nos acessos, mas a maioria dos proprietários de vans e kombis preferiu não arriscar ter o veículo apreendido.
Na Autoestrada Lagoa-Barra, no sentido Lagoa, o trânsito é lento ao longo da via, assim como no Elevado do Joá e na Ponte da Joatinga. Os reflexos chegam nas avenidas Ministro Ivan Lins, Armando Lombardi e das Américas, na Barra da Tijuca.
Foto: João Laet / Agência O Dia
Passageiros fazem fila em frente à Favela da Rocinha | Foto: João Laet / Agência O Dia
Dois bloqueios foram implantados no sentido Lagoa: um na descida do Elevado do Joá e outro na altura da Rocinha. Desde às 4h da manhã, 24 bloqueios em vias de acesso para a Zona Sul foram implantados com o objetivo de reordenar o tráfego. "Pego van todo dia e estou aqui há uma hora e meia. Não consigo entrar nos ônibus, que estão muito cheios", reclamou o pedreiro Osvaldo Batista, de 41 anos, que tentava chegar ao Leme.
Até as 8h30, não havia apreensões de vans. Três ônibus piratas foram recolhidos por fiscais na Lagoa, na saída do Túnel Rebouças, sentido Zona Sul, e duas kombis que faziam frete foram multadas e liberadas na Rocinha, pois apresentavam problemas na documentação. Segundo dados do Sindicato do Transporte Alternativo (Sindivans), 30 linhas, com 600 veículos, deixam de transportar 100 mil pessoas entre outras regiões da cidade e a Zona Sul nesta segunda. 
Foto: João Laet / Agência O Dia
Ponto de ônibus lotado na Central do Brasil | Foto: João Laet / Agência O Dia
"Temos ociosidade de cerca de 30 a 50% de carros no sistema de ônibus da cidade. Usamos essa margem em dias de eventos ou momentos de pico e estamos fazendo isso hoje. O sistema faz 4 milhões de viagens por dia, logo dará conta", garantiu o secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório.
"Eu vou de ônibus para Copacabana todo dia e temo que ele esteja muito cheio", contou a atendente Fábia ferreira, 36, na Leopoldina. Na Central do Brasil, a estação do metrô também tinha movimento maior que o normal. "É sempre cheio, mas hoje está muito mais por causa da falta das vans", avaliou Maria Rita Castro, 60, que ia para Botafogo.
Na Leopoldina, onde linhas de vans saíam direto à Zona Sul e ficaram paradas, panfletos eram distribuídos à população, informando as linhas de ônibus que poderiam substituir as vans impedidas de circular.
"Estamos tendo um primeiro dia de adaptação e razoavelmente tranquilo. Temos informe de uma tentativa de piquete de motoristas de vans na Rocinha, mas a polícia já foi acionada. O transporte alternativo tem como se adaptar e isso será feito, cumprindo o decreto", detalhou o coordenador Especial de Transporte Alternativo do Rio, delegado Cláudio Ferraz. 
Proibição começa nesta segunda-feira
Quem circula pela Zona Sul hoje vai ter menos opções de transporte. Passa a valer decreto do prefeito Eduardo Paes, que proíbe a circulação de vans, Kombis e micro-ônibus em 11 bairros.
O motorista Gustavo Lopes Rodrigues, que trabalhava em van da linha São Conrado x Leme, vai partir para o mercado de turismo. “As empresas de ônibus pagam mal, crucificam os motoristas”, alega. Seu colega José Edilson Matias ainda nem calcula o quanto vai perder com a proibição: “Trabalho há dez anos com isso e sustento minha família. Isso vai quebrar minhas pernas”.
Operações vão multar e rebocar vans irregulares | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Operações vão multar e rebocar vans irregulares | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
O barraqueiro Marcelo Pereira, que trabalha na praia do Leme, usa as vans diariamente para se locomover pela Zona Sul e transportar seu material de trabalho: “Os motoristas de vans são bem mais prestativos do que os de ônibus”.
Uma operação foi montada para impedir os topiqueiros que insistirem em circular na área. Há pontos de bloqueio e interceptação de vans pela cidade, com efetivo de cerca de 300 homens, e equipes volantes circulando em vários lugares. A Coordenadoria Especial de Transporte Complementar da Prefeitura do Rio e uma Força Tarefa formada por homens da Guarda Municipal, Polícia Militar, CET-Rio e Secretaria Municipal de Transportes iniciaram o trabalho nesta madrugada.
Nos pontos de operação, os motoristas serão orientados por guardas e agentes da CET-Rio a retornar por determinados trajetos. Já nas zonas de interceptação, os fiscais vão apreender os veículos e multar em R$ 1.251,48 os topiqueiros irregulares, usando mais de 50 reboques. As operações se estendem até a Rocinha e Itanhangá (Barra), além do Centro e da região da Leopoldina.
Para minimizar os transtornos, o Metrô na Superfície opera com capacidade máxima e algumas linhas de ônibus da Zona Sul terão reforço de até 100% da frota. Só estão liberadas para circular na área duas linhas de vans, que saem do Parque da Cidade para a Gávea e o Fashion Mall.
LINHAS DE ÔNIBUS
NA ZONA SUL
107, 110, 111, 120,121, 124, 125, 126, 128, 129, 132, 136, 154, 155, 157, 158, 169, 170, 173, 176, 177, 178, 181, 186, 305, 308, 309, 314, 316, 317, 318, 332 , 354, 360, 382, 411, 413, 415, 438, 440, 441, 444, 448, 455, 460, 461, 462, 463, 465, 472, 473, 474, 475, 480, 481, 484, 485, 486, 501, 502, 504, 505, 521, 522, 523, 524, 525, 546, 550, 555, 556, 557, 591, 592, 593, 955, 2115, 2018, 2019, 2329, 2333,2334, 2335, 2337, 2338.

ÁREAS DE BLOQUEIO E INTERCEPTAÇÃO DE VANS HOJE
Barra e Jacarepaguá, Tijuquinha, São Conrado, Linha Vermelha / subida do Campo de São Cristóvão, Túnel Rebouças/ Rio Comprido, Leopoldina, Santa Barbara, Flamengo (Oswaldo Cruz / Marquês de Abrantes, Aterro/ Praia de Botafogo), Av. das Nações Unidas, Túnel Velho, Jardim de Alá, Mourisco, Base CET Rio na Lagoa, Joá, subida do Elevado da Joatinga.
Manifestação em frente ao MP
Está prevista manifestação de topiqueiros hoje em frente ao Ministério Público para defesa do transporte alternativo. Cerca de 100 mil pessoas usam esse tipo de transporte na Zona Sul, que tem 30 linhas e mais de 600 veículos. Os 11 bairros onde há proibição são: São Conrado, Gávea, Leblon, Jardim Botânico, Lagoa, Ipanema, Humaitá, Botafogo, Copacabana, Leme e Urca, além de Rocinha e Vidigal. Centro é o próximo alvo.