Rio -  Semana passada, voltando de Brasília, encontro no avião dois deputados do Rio, Miro Teixeira e Simão Sessim. São os mais antigos no exercício ininterrupto de mandatos, cujas trajetórias tive a oportunidade de acompanhar desde o início.
Miro Teixeira, conheci aqui, no DIA, antes de sua primeira eleição, da qual participei. Entregou-se à política em tempo integral, sendo hoje um dos nomes mais respeitados do Congresso. Em 1982, disputou o governo do Rio e, quando parecia vitorioso, foi atropelado pelas candidaturas de Leonel Brizola, emblemático e carismático, que ganhou, e Moreira Franco, que chegou em segundo, do PDS. Este, do partido do presidente João Figueiredo, hoje é ministro da presidenta Dilma. Depois de 1982, se aproximou do rival vitorioso e se tornou das melhores referências da bancada do PDT.
Político se revela quando coloca suas posições na direção do interesse nacional e não para agradar à opinião pública ou a publicada. Assim tem sido ao longo da história aqui e nas democracias consolidadas. Dessa maneira é que Miro Teixeira, formado na linha de frente da luta pela anistia, vem defendendo a lei que votou dentro de um pacto de reconciliação e união nacional, não vendo sentido em se fomentar divisões na sociedade, decorridos tantos anos. E completou, na ocasião, que não se tratava de esquecer, mas do perdão mútuo.
Simão Sessim, nos nove mandatos, se mostrou um dos mais dedicados a acompanhar os assuntos do interesse do estado. Antes do primeiro mandato, de 1978, foi prefeito de Nilópolis, sendo sucedido por um irmão, um primo e o filho. Sua família tornou o município o mais bem equipado da Baixada e ainda ganhou o Carnaval com a Beija-Flor, que tem como patrono um primo. Lembro que havia recomendado a Roberto Campos que, nos assuntos ligados ao estado, ouvisse Sessim. Meses depois, ele me disse ter ficado impressionado com o seu conhecimento, em detalhes, dos projetos que tramitavam na Câmara que poderiam ajudar ou prejudicar o Rio.
Esses casos que aqui levanto demonstram que o eleitor percebe o quem é quem, acima de questões partidárias ou até ideológicas. Miro é da esquerda moderada, ou democrática, e Simão, um conservador progressista.
Jornalista