Rio -  Stanislaw Ponte Preta profetizou numa crônica que um dia o primeiro sexo passaria para segundo. Hoje o outrora sexo forte já deve estar em terceiro, depois dos gays e das mulheres. Vivemos na ditadura do politicamente correto. Quem se declara homem com H só pode ser bicha enrustida, que ainda não saiu do armário. Depois dos 80, ninguém é varão praticante, exceto Picasso, Niemeyer e Ziraldo. Esse blá-blá-blá todo é para registrar a disseminação de marchas.
Dos sem-terra, dos direitos das mulheres e, principalmente, do orgulho gay. Vi marchas de orgulho gay no Rio, Lisboa, Barcelona e Paris. Mas nunca ouvi falar em marcha do orgulho hétero. Comentei isso com alguns colunistas, nenhum se interessou em publicar nada sobre o assunto. Não deve dar ibope. Combinei com alguns amigos promover a primeira marcha do orgulho hétero. Mandei fazer uma faixa especialmente para o evento. Ninguém apareceu por causa — justificaram — do horário (marquei às quatro da tarde de quarta-feira). Depois de meia hora de tolerância, iniciei a marcha de um homem só. A ‘marcha’ saiu do bar Chico e Alaíde até seu destino , o Bracarense, 500 metros adiante. No trajeto, fui chamado umas três vezes de maluco e um grupo de rapazes comentou: “ Olha a bichona velha”. Enquanto isso, a Marcha do Orgulho Gay computou mais de um milhão de participantes. É dose.
Agora foi a vez do Fritz Utzeri, grande figura, jornalista exemplar. Quando morre um cara desses a gente pensa sempre o mesmo: por que logo ele enquanto tantos canalhas e corruptos continuam prevaricando impunemente? É dose.
O Google virou camelódromo virtual. Você quer saber, por exemplo, quem foi o inventor do termômetro, e é atropelado por propagandas que vão de um cruzeiro pelo Caribe a um método infalível de alongar seu pênis. É dose.